Coluna de fumaça em SP na sexta subiu em apenas 90 minutos; veja animação
Imagens do satélite publicadas hoje pelo Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) mostram que o aparecimento das colunas de fumaça em São Paulo, na última sexta-feira (23) ocorreu em um intervalo de 90 minutos, entre 10h30 e 12h.
Naquele dia, foram 1.886 focos, recorde de 24 horas na história de dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que começam em 1998.
A análise foi feita com base na captura de cenas a cada dez minutos, que geraram um vídeo mostrando os focos surgindo e a dissipação da fumaça. Foram utilizadas imagens do satélite GOES.
O caso chamou a atenção porque São Paulo Sozinha registrou, em apenas um dia, mais queimadas do que a Amazônia inteira.
Fogo em área de agropecuária
Segundo o IPAM, dos 2.600 focos de calor registrados no estado entre 22 e 24, 81,3% se concentram em áreas de uso agropecuário, como as ocupadas pela cana de açúcar e pela pastagem. Nesses três dias, houve 2.621 focos de fogo em 200 municípios.
Uma análise dos dados combinou informações de satélites de referência para focos de calor com dados de cobertura e uso da terra, referentes a 2023, produzidos pela Rede MapBiomas.
Onde o fogo foi identificado:
- 44,5% (1.200 focos) ocorreram em áreas de cultivo de cana de açúcar
- 20% (524 focos) foi em "mosaico de usos" --áreas agropecuárias, nas quais não é possível a distinção entre pasto e/ou agricultura;
- 16,8% (440 focos) em vegetação nativa;
- 9,4% (247 focos) em pastagens;
- 7,4% (195 focos) em áreas de silvicultura, soja, citrus, café e outras lavouras.
"As formações florestais foram as mais afetadas, concentrando 13,57% dos focos de calor no estado", diz a nota.
Os dados mostram que o principal alvo do fogo foram as áreas já desmatadas, ou seja, as que já tinham algum tipo de uso. Portanto, podemos concluir que, se o fogo atingiu uma área de vegetação nativa, isso ocorreu porque ele escapou do local onde teve início.
Wallace Silva, analista de pesquisa do Ipam
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