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Carlos Madeiro

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Reportagem

Em três dias de fogo, 200 municípios de São Paulo registraram queimadas

O estado de São Paulo registrou queimadas em 200 dos 645 municípios entre a quinta-feira (22) e o sábado (24), revelam dados detalhados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Foram 2.621 focos nesses três dias, mais que o registrado em todo o ano de 2023: 1.666 focos.

Segundo a planilha gerada pela coluna na aplicação do banco de dados do Programa Queimadas do órgão, que faz a medição do fogo no país há 26 anos, o fogo se concentrou, em sua maior parte, na região centro-norte do estado.

Nessas 72 horas, o número de focos foi 57% maior que todas as queimadas registradas somadas entre 2022 e 2023. Foram 3.482 incêndios, e metade deles na sexta-feira —dia com mais de um foco por minuto no estado e recorde de fogo em 24 horas.

Os municípios de Pitangueiras e Altinópolis foram os que registaram mais fogo, com 88 e 86 casos nesses três dias. Ambos ficam na parte do Cerrado do estado (além dele, São Paulo ainda tem bioma de Mata Atlântica).

O número fora do padrão levou o governo federal a pedir inquéritos à PF (Polícia Federal) para investigar as queimadas no estado, que são em regra provocadas pelo homem. A suspeita é que tenha havido grupos que, intencionalmente e coordenadamente, colocaram fogo em áreas no estado.

Fogo atingiu mais canaviais, diz especialista

A coluna apresentou os dados a Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas Fogo, que afirma que o padrão de incêndios de São Paulo nesses dias está ligado, principalmente, à queima de canaviais.

"Não sabemos se teve licença ou não, se foi criminoso ou não. A única coisa que posso dizer é que realmente queimaram vários canaviais", afirma.

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Ela lembra que as queimadas atingiram grandes áreas, já que havia uma condição muito propícia por quatro fatores, ao menos:

  • Seca forte
  • Altas temperaturas
  • Baixa umidade do ar
  • Muito vento
19.ago.24 - Fogo em canavial cria nuvem de fumaça às margens da Rodovia Anhanguera, próximo à cidade de Orlândia, no interior do estado de São Paulo
19.ago.24 - Fogo em canavial cria nuvem de fumaça às margens da Rodovia Anhanguera, próximo à cidade de Orlândia, no interior do estado de São Paulo Imagem: GUILHERME VEIGA/ESTADÃO CONTEÚDO

A gente não vê nenhum indício de um fogo natural, mas as condições de tempo ajudaram bastante. Então, se áreas são queimadas intencionalmente, o fogo acaba se espalhando e perdendo o controle; e aí foi atingindo outras próximas.
Ane Alencar

Um outro fator que ela considera importante pontuar é que as temperaturas em São Paulo têm tido oscilações intensas, variando entre ondas de calor e frentes frias. "Esse processo acaba impactando o material combustível", diz.

O material combustível sofre também com a seca proporcionada pelo frio. E aí, quando vem outra onda de calor, e está tudo seco, ela impacta na condições de [alastrar o fogo]
Ane Alencar

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Reportagem

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