Bets invadem páginas e oferecem apostas clandestinas 'sem CPF' no Google
Casas de apostas que atuam sem pedido de regulamentação no país estão anunciando serviço clandestino na internet, que não exige o registro de jogadores. Ou seja, os usuários não precisam informar dados como nome e CPF.
Nos últimos dias, várias páginas bem ranqueadas no Google passaram a oferecer o serviço. As plataformas usam, em regra, a invasão a servidores de sites .gov.br, por exemplo, para conseguir uma melhor exibição nas buscas relacionadas ao tema (veja mais abaixo).
Os termos começaram a ganhar força após o Banco Central divulgar uma nota técnica, no dia 23, estimando que familiares integrantes do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões para bets em agosto.
Nesse dia, segundo o Google Trends, houve um crescimento nas buscas de termos relacionados a apostas sem registro.
Caso logo após Bolsa Família
Segundo uma fonte ouvida pelo UOL, a busca deve ter crescido após o governo anunciar que iria adotar maneiras de impedir que beneficiários do programa colocassem dinheiro nas casas de apostas.
Como essa verificação é feita por CPF, a ideia das casas clandestinas seria justamente atrair pessoas que são beneficiárias, mas querem fugir de uma eventual regulamentação.
Outra questão que também é levada em conta, mas que não vem de agora, é que muitas pessoas estão querendo esconder vício em apostas online de familiares, por exemplo, e preferem jogar anonimamente. Uso de adolescentes também é uma hipótese.
Especialistas da área ouvidos pelo UOL apontam que as casas de apostas que não exigem dados são consideradas uma "cilada".
Segundo Ricardo Bianco Rosada, fundador da consultoria brmkt.co e especialista no mercado de jogos de azar, casas que adotam esse jogo anônimo estão completamente fora do padrão de regulamentação que está sendo feito no país.
As casas sérias só fazem o registro das pessoas que têm CPF, que sempre é verificado usando ferramentas de KYC [conheça seu cliente]. Também há uma verificação nas instituições de pagamento que processam os pagamentos via Pix. Depois ainda pode se fazer uma verificação facial. Isso cria várias chaves para dar segurança ao jogador, ao operador e ao órgão fiscalizador.
Ricardo Bianco Rosada
O Brasil está regulamentando o serviço, liberado desde 2018, mas ainda está na fase de publicação de portarias e regras que as casas terão de cumprir.
A partir de 1º de janeiro de 2025, o serviço deve estar 1005 legalizado, e somente casas regulamentadas poderão operar no país.
Sites que aceitam jogadores sem CPF potencializam os riscos de utilização de plataformas de apostas de forma ilícita, para o cometimento de crimes como lavagem de dinheiro ou por grupos de vulneráveis como menores, e jogadores que tenham demonstrado comportamento compulsivo. As empresas de apostas sérias vedam esse tipo de utilização.
Marcos Sabiá, CEO do galera.bet
Invasões
Em julho, a coluna mostrou como sites de apostas usam a invasão a servidores de governos e entidades de grande relevância para colocarem links para suas plataformas de jogos.
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OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberA invasão ocorre quando hackers colocam palavras-chave e links de plataformas de jogos dentro do chamado código-fonte de páginas oficiais. Assim, quando o usuário busca termos relacionados a jogos, elas levam vantagem e aparecem no topo do Google por estarem em páginas de domínios oficiais.
No mundo virtual, aparecer à frente de rivais no Google é uma vantagem extremamente valiosa em um universo que tem milhões de outras páginas.
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