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Carolina Brígido

REPORTAGEM

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É 'cegueira' dizer que não há provas, diz autor da ação contra Bolsonaro

Plenário do TSE -  Alejandro Zambrana/Secom/TSE
Plenário do TSE Imagem: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

Colunista do UOL

15/06/2023 04h00Atualizada em 15/06/2023 09h21

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O advogado Walber Agra, do PDT, desembarca em Brasília na próxima segunda-feira (19) com o objetivo de conversar com os sete ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ele é o autor da ação que pode resultar na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O julgamento está marcado para o dia 22.

Agra vai entregar memoriais para os ministros e "aclarar minúcias", conforme disse à coluna. "É uma falácia dizer que ele poderá ser condenado por uma reunião com embaixadores. Ele é acusado de abuso de poder político, conduta vetada, desordem informacional e uso indevido dos meios de comunicação. É muito mais grave", explicou.

Para o advogado, dizer que não há motivo para condenar o ex-presidente é uma "cegueira endêmica". Na sustentação oral que fará no plenário do TSE, ele planeja citar o livro "Ensaio sobre a cegueira", de José Saramago, como analogia aos que defendem a inocência de Bolsonaro.

Ainda no plenário, Agra pretende enfatizar que o caso é de defesa da democracia, e não de perseguição a um adversário político.

Não sou Torquemada para tentar condenar ninguém. Aqui não se trata de expiação pública, mas sim de defesa das instituições democráticas"
Walber Agra, advogado do PDT, em referência ao inquisidor medieval Tomás de Torquemada

Agra terá 15 minutos de sustentação oral. "Será uma sustentação oral técnica, sóbria, sem ataques", promete. Seu oponente, Tarcísio Vieira, terá o mesmo tempo para defender Bolsonaro no plenário do TSE. O vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, também vai se manifestar. Os votos dos ministros devem ser proferidos na semana seguinte.

O processo foi aberto a partir da reunião que Bolsonaro teve com embaixadores em Brasília. Na ocasião, o então presidente atacou a credibilidade da urna eletrônica e do sistema eleitoral brasileiro. Se for condenado, Bolsonaro ficará inelegível pelo prazo de oito anos.