Carolina Brígido

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Lava Jato x Vaza Jato: Ao atacar hacker, Moro tenta salvar a própria pele

Diante do apagão da tropa de choque de Jair Bolsonaro no primeiro tempo da CPMI do golpe, coube ao senador Sergio Moro (União Brasil-PR) liderar o ataque ao hacker Walter Delgatti Netto. O programador da Vaza Jato chamou o ex-juiz da Lava Jato de criminoso contumaz e lembrou: "Li as conversas de Vossa Excelência, li a parte privada".

O hacker deu a entender que existe uma espécie de puxadinho da Vaza Jato que ainda não vazou. Moro não fugiu da briga. Chamou o hacker de bandido e o acusou de ter invadido 176 telefones de diversas autoridades. Delgatti dobrou a aposta e corrigiu: foram mais aparelhos do que isso.

O hacker lembrou das conversas de Moro com Deltan Dallagnol (Podemos-PR), o ex-procurador da Lava Jato que sobreviveu apenas cinco meses na política. Teve o mandato-relâmpago cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em junho.

Moro deixou a magistratura para embarcar no governo Bolsonaro em 2019. Rompeu com o presidente e deixou o Ministério da Justiça. Depois do revés na política, sofreu derrota no STF (Supremo Tribunal Federal), que anulou suas decisões na Lava Jato por considerar que o ex-juiz não era isento para conduzir os processos.

Em nova tentativa de emplacar na política, Moro conquistou nas urnas o mandato de senador com o que restava de popularidade da Lava Jato. No Congresso, é visto como um parlamentar isolado. Depois da queda de Deltan, teme pelo próprio mandato.

Na primeira parte do depoimento de Delgatti, quanto Moro partiu para o ataque, deu a impressão de defender Bolsonaro. Entretanto, o mais provável é que tenha agido em causa própria. As novas revelações do hacker colocam em risco não apenas o futuro de Bolsonaro na Justiça, mas também a tentativa de Moro se fincar na política.

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