Como a sucessão na PGR influenciará no rumo das investigações do 8/1
O término do mandato de Augusto Aras na PGR (Procuradoria-Geral da República) no dia 26 deixa em terreno nebuloso o futuro das investigações sobre os atos de 8 de janeiro. A depender do novo ocupante do cargo, que será escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a condução das apurações poderá ser transferida para outro grupo de investigadores.
Atualmente, o caso é conduzido na PGR pelo subprocurador Carlos Frederico Santos, coordenador do Grupo Estratégico dos Atos Antidemocráticos. Até agora, foram denunciados 1.345 réus. O STF recebeu as denúncias, mas suspendeu por 120 dias o andamento de ações penais contra 1.113 réus, para que a PGR analise a proposição de acordos de não persecução penal aos investigados.
Além dos acordos, que devem ser propostos nesta semana, a PGR ainda vai analisar se apresenta ou não denúncia contra autoridades suspeitas de participação nos atos de 8 de janeiro. Até agora, foram denunciados por omissão sete oficiais da cúpula da Polícia Militar.
Ainda não foram denunciados políticos suspeitos de envolvimento com os atos - entre eles, parlamentares e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao UOL na última sexta-feira (15), Carlos Frederico Santos disse que essas investigações ainda estão em andamento e, como estão protegidas pelo sigilo, ele não deu previsão de quando e se haverá apresentação de denúncias.
Santos também afirmou que, a depender do escolhido por Lula para comandar a PGR, ele vai avaliar se tem ou não interesse em continuar à frente das investigações. Por outro lado, o novo procurador-geral também terá o direito de substituir Santos nas investigações.
Lula ainda não anunciou o escolhido para suceder Aras no cargo. Mas já disse a interlocutores que não será alguém ligado ao atual procurador-geral.
De qualquer forma, o escolhido ainda precisará ser submetido a sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado antes de assumir o cargo. Enquanto isso não acontece, deverá assumir o cargo interinamente a subprocuradora-geral da República Elizeta Maria de Paiva Ramos, que é vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal e aliada de Aras.
Segundo Santos, Aras tem dado total liberdade e ele e à equipe de investigadores na condução do caso. Santos afirmou ao UOL que, durante a provável gestão de Elizeta, ele continuará à frente das investigações de 8 de janeiro, porque ela já teria sinalizado seguir com o mesmo estilo de comando de Aras.
De acordo com assessores próximos do presidente, Lula está hoje entre dois nomes para liderar a PGR: os subprocuradores Paulo Gonet Branco e Antonio Carlos Bigonha.
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