Dino monta estratégia para fugir do rótulo de "lacrador" na chegada ao STF
Prestes a vestir a toga do STF (Supremo Tribunal Federal), Flavio Dino quer deixar no passado a imagem de "lacrador" construída ao longo do primeiro ano do governo Lula. Como ministro da mais alta corte do país, tem a intenção de assumir a postura sóbria esperada de um magistrado.
A mudança de chave pode ser percebida logo na posse. Dino recusou a tradicional festa oferecida por associações da magistratura aos ministros que chegam ao STF. Na comemoração, normalmente é contratada banda, serviço completo de jantar e bebidas. Convites são vendidos para cobrir parte do custo. Na posse de Luís Roberto Barroso como presidente do STF, em setembro do ano passado, o valor do ingresso era R$ 500.
Em vez disso, Dino mandou rezar uma missa na Catedral de Brasília poucas horas antes da cerimônia de posse no STF.
A decisão de Dino acerta dois coelhos. Primeiro, deixa clara a intenção de adotar a persona discreta como ministro do Supremo. Em segundo lugar, ressalta que é católico, em resposta a adversários conservadores que insistem na incompatibilidade entre comunismo e Cristianismo.
A cerimônia no Supremo será espartana, como de costume. Serão servidos água e café. Foram expedidos convites para familiares, amigos e autoridades. Não há previsão da presença de qualquer celebridade - como aconteceu, por exemplo, na posse de Barroso no ano passado, quando a cantora Maria Bethânia interpretou o Hino Nacional no plenário do Supremo.
Dino exercitou seu lado "lacrador" à frente do Ministério da Justiça, especialmente em respostas dadas a questionamentos de parlamentares em audiências públicas no Congresso Nacional. Quando passou o bastão a Ricardo Lewandowski, disse que gostava muito de "tocar tambor". Promete trocar por um instrumento menos barulhento a partir de quinta-feira (22), quando assumir o novo cargo.
Nem sempre Dino foi afeito aos holofotes. Antes de entrar para a política, em 2006, era um juiz discreto, sem muito destaque na mídia. Agora, de volta à magistratura, promete retomar a postura.
O Flavio Dino de 2006 era juiz de primeira instância e ainda não tinha provado ainda o gosto dos holofotes. O Flavio Dino de hoje esteve no centro das atenções como governador do Maranhão, deputado, senador e ministro da Justiça. Mesmo com o pé no STF, a política insiste em não o abandonar: o nome de Dino é aventado com frequência como alternativa da esquerda para a Presidência da República.
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