Carolina Brígido

Carolina Brígido

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

CNJ julga caso de magistrada que atacou Marielle: 'Engajada com bandidos'

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) julga nesta terça-feira (21) processo administrativo disciplinar contra a desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por ter atacado a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março de 2018.

Dias após o crime, a magistrada postou em uma rede social que a vereadora estava "engajada com bandidos" e a acusou de rer sido eleita com a ajuda de uma facção criminosa do Rio.

Marília Vieira atribuiu o assassinato ao comportamento da própria Marielle: "Seu comportamento, ditado por seu engajamento político, foi determinante para seu trágico fim. Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro", postou.

A desembargadora Marília de Castro Neves
A desembargadora Marília de Castro Neves Imagem: Reprodução/Facebook

O CNJ proíbe que juízes se manifestem em redes sociais sobre temas de cunho político-partidário. Como é um processo administrativo, se for condenada, a magistrada poderá sofrer penas que vão de advertência até a aposentadoria compulsória.

Em 2021, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) absolveu Marília Vieira do crime de calúnia por ter publicado as ofensas a Marielle. Os ministros entenderam que foram suficientes as retratações publicadas pela própria magistrada em suas redes sociais e por meio de uma carta com pedido de desculpas pelas postagens.

A desembargadora já foi alvo de vários procedimentos disciplinares no CNJ. Em uma ocasião, ela postou em redes sociais que Guilherme Boulos seria recebido "na bala" depois de publicado o decreto do então presidente Jair Bolsonaro (PL) que facilitou a posse de armas.

O ex-deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou que, em um grupo no Facebook, a magistrada disse que ele deveria ser executado como profilaxia. "O problema da esquerda é o mau humor", disse Marília em sua defesa, em 2019.

Ao CNJ a defesa de Marília Vieira afirmou que o magistrado também é cidadão e, por isso, tem o direito à livre expressão. Além disso, alegou que as postagens foram feitas em conta pessoal de redes sociais, onde ela não se identificava como magistrada. Portanto, segundo a defesa, não haveria prejuízo aos alvos dos ataques.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes