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Chico Alves

Youtubers investigados pelo STF apagaram mais de 3 mil vídeos desde maio

O blogueiro Allan dos Santos, do canal Terça Livre, durante transmissão ao vivo após operação da Polícia Federal - Reprodução/YouTube
O blogueiro Allan dos Santos, do canal Terça Livre, durante transmissão ao vivo após operação da Polícia Federal Imagem: Reprodução/YouTube

Colunista do UOL

23/06/2020 04h00

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Do início de maio até ontem, ativistas que têm canais de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e com críticas duras ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso retiraram do YouTube 3.127 vídeos. A movimentação coincide com o início de medidas mais efetivas tomadas pelo ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito que investiga produção e divulgação de notícias falsas — no dia 27 do mês passado a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão contra empresários e youtubers.

O monitoramento foi feito pela empresa Novelo, de análise de dados. Segundo Guilherme Felitti, que coordenou o levantamento, no segundo semestre do ano passado a média de vídeos retirados pelos administradores dos 81 canais acompanhados foi de apenas 391 programas, número bem abaixo do registrado nas últimas semanas. Em maio foram suprimidos 1.112 vídeos e em junho 2.015 peças.

"Não se pode dizer com certeza que os vídeos foram retirados por causa do inquérito do STF, mas sim que há coincidência de datas", explica Felitti.

O canal que escondeu mais vídeos foi o Gigante Patriota, seguido do Terça Livre TV e Foco do Brasil. Somente no domingo, sumiram 1.300 vídeos da plataforma do Gigante Patriota. O canal ressurgiu com novo nome.

Um dos blogueiros mais visados pelo inquérito é Allan dos Santos, dono do Terça Livre TV, que retirou 272 vídeos este mês.

Felitti diz que esses youtubers conseguem alta audiência por causa de seu discurso radicalizado. Graças a isso, conseguem grande número de visualizações, que se convertem em dinheiro. "É vantajoso para eles esse discurso sensacionalista porque gera engajamento. Por sua vez, acaba por radicalizar o público", afirma o proprietário da Novelo.

Segundo ele, YouTube é uma comunidade gigantesca no Brasil que tem relação com esse amor cultural que os brasileiros têm com a TV. "A mensagem do YouTube é muito forte, enquanto no Twitter a pessoa pode ler a mensagem e esquecer daqui a dez minutos", acredita Felitti.