Com decisão de Bolsonaro, Maia pegou carona no vexame de Guedes
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De uma só vez, em um vídeo de menos de dois minutos, o presidente Jair Bolsonaro jogou na fogueira Paulo Guedes e Rodrigo Maia, desafetos um do outro. Ao descartar qualquer possibilidade de congelar por dois anos o aumento dos aposentados para usar o dinheiro no natimorto programa Renda Brasil, que substituiria o Bolsa Família, Bolsonaro cortou pela raiz uma enorme fonte de insatisfação contra o seu governo.
O presidente foi além. Deu uma bronca humilhante na equipe econômica. "Já disse há poucas semanas que jamais vou tirar dinheiro dos pobres para dar para os paupérrimos", reclamou. "Quem porventura vir a propor para mim uma medida como essa, eu só posso dar um cartão vermelho para essa pessoa".
E, antes de sepultar o Renda Brasil, deu o golpe de misericórdia, tornando público o que pensa de quem apoia ideia semelhante: "É gente que não tem coração, que não tem o mínimo de entendimento de como vivem os aposentados do Brasil".
O comentário chamuscou o ministro da Economia e sua equipe, mas acertou em cheio também o presidente da Câmara, que, hoje, em entrevista ao Estadão/Broadcast, declarou apoio à ideia estapafúrdia de congelamento de aposentadorias e pensões.
"Uma suspensão por dois anos para que possa ajudar a organização do Orçamento público", detalhou Rodrigo Maia.
Mesmo estando de mal, Maia e Guedes têm concordado na hora de abrir o baú de maldades. Na semana passada, os dois deram declarações desabonadoras sobre os servidores públicos, a título de defender a reforma administrativa. Agora, a tabelinha seria em desfavor dos aposentados e pensionistas.
Bolsonaro farejou a encrenca e o tamanho da impopularidade que medida como essa poderia gerar. Agiu rápido e descartou a proposta antes mesmo de recebê -la.
O presidente tirou a escada, Guedes e Maia ficaram pendurados no pincel.
O ministro não dá a mínima para a ira dos aposentados e pensionistas, já que sua carreira não depende de votos. Já o presidente da Câmara deve estar profundamente arrependido. A repercussão entre seus eleitores não deverá ser pequena.
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