No caso de André do Rap, está tudo errado. Menos a lei
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
A embrulhada que envolveu a libertação do chefão do tráfico André do Rap pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, teve barbeiragem de todos os lados. Pisaram na bola Mello, o ministro Luiz Fux (que revogou a decisão), o juiz e o promotor do caso. Só em um ponto não houve erro: na lei.
Mello seguiu a legislação que manda juiz e promotor justificarem a manutenção da prisão do acusado. Caso contrário, diz o texto, o preso tem que ser libertado.
O ministro se manteve fiel à letra da lei. Diante da periculosidade do personagem, porém, poderia ter enviado sinais ao magistrado e ao MP de que tomaria essa decisão. Qualquer manifestação que os lembrasse de agir e que evitasse que alguém com tanto poder na facção criminosa fosse libertado.
Diante da grita geral, Luiz Fux tornou sem efeito a decisão do colega de Supremo. Além da periculosidade de André do Rap, o presidente da corte também referiu-se ao clamor público contra a libertação do traficante. Errou duplamente, ao desautorizar um magistrado que está no mesmo nível que ele e quando se rendeu ao populismo judicial.
O juiz e o promotor do caso foram os mais errados, já que não tomaram a providência que a legislação exige: após 90 dias de detenção, deveriam ter justificado a manutenção da prisão de André do Rap.
Agora que o o chefão do tráfico está na rua, provavelmente no Paraguai, pouco se pode fazer para remediar a situação. Entre as providências cogitadas, porém, a pior de todas é mudar a lei.
Tem toda razão o legislador que colocou no código um adendo para impedir que a detenção de alguém dure indefinidamente, mesmo com a condenação não transitada em julgado. Desde que manejado com o devido cuidado, esse dispositivo é indispensável.
Não é desejável normalizar a barbárie de prisões preventivas que se transformam em permanentes, contra o que prevê a legislação. O tempo das masmorras acabou, afinal. Como diz o autor do texto, o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), "prisão preventiva não é condenação"
Esse episódio infeliz já teve muitos desacertos graves. Não é preciso acrescentar mais um, que resultará em justiçamento para outros presos. A justiça é algo bem diferente.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.