Decisiva na luta pela presidência da Câmara, esquerda traça estratégia
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Na guerra pela presidência da Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonaro já formou as "tropas" em torno do nome de Arthur Lira (PP-AL). Do outro lado, Rodrigo Maia só agora se movimenta para escolher o candidato ideal, depois que o Supremo Tribunal Federal barrou sua reeleição. As contas de Maia e seu grupo não deixam dúvida: conquistar o apoio dos deputados de esquerda é fundamental para pensar em vitória.
Cientes disso, parlamentares esquerdistas analisam como usar esse peso na disputa para ampliar a influência nas decisões da Câmara.
Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o ponto de partida para definir qualquer apoio é uma agenda progressista para o país. Nesse processo, ela vê como fundamental a unidade. "É o momento em que nós, da esquerda, temos força, não podemos desperdiçar", disse ela à coluna.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, também acredita que os partidos de linha ideológica comum ou próxima devem agir unidos. "Tenho conversado com a Gleisi Hoffmann (presidente do PT), com a Luciana Santos (presidente do PCdoB) e outros dirigentes partidários para tentar selar essa aliança", diz ele.
O deputado Alexandre Padilha (PT-SP) acha que duas questões vão influenciar o posicionamento dos partidos de esquerda. Primeiro, o plano a ser apresentado pelos candidatos a presidente da Casa. "A defesa do SUS, a defesa da democracia, impedir qualquer tentativa de avanço da pauta conservadora do governo, o repúdio às tentativas do presidente de sufocar as conquistas democráticas são alguns itens fundamentais", relaciona o petista. O segundo ponto é derrotar Bolsonaro.
Candidato derrotado por Rodrigo Maia na última votação à presidência da Câmara, o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) diz que seu partido lançará novamente um nome para disputar o cargo, que não será o dele. A iniciativa é simbólica. O PSOL também estuda qual nome apoiar na disputa decisiva contra os bolsonaristas. "Esse debate está aberto na esquerda", diz ele.
Na contabilidade dos votos, o grupo de Bolsonaro teria em torno de 250 votos, a mesma estimativa de apoiadores do grupo de Maia somado à esquerda e centro-esquerda.
"Se não fosse pela oposição, o grupo de Lira já poderia se considerar vencedor", diz o deputado Ivan Valente (PSOL-SP). Para o psolista, a política do toma-lá-dá-cá é uma das armas que o governo vai usar para tentar a vitória. "Estão falando em reforma ministerial, em abrir espaço no governo para os aliados. O governo vai investir pesado nisso", acredita.
Por outro lado, a desconfiança sobre a capacidade de Bolsonaro em honrar promessas feitas aos aliados é muito questionada na Câmara e pode ser um grande obstáculo.
"Tem um desgaste, o presidente não tem sido um lorde inglês com os parlamentares", define o pedetista Lupi. "Lira não conseguiu unificar uma base por causa dessa desconfiança. Quem não cumpre palavra fica em posição ruim".
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