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Chico Alves

No auge da pandemia, Brasil precisa de um estadista. Mas só tem Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro  - Alexandre Neto/Photopress/Estadão Conteúdo
Presidente Jair Bolsonaro Imagem: Alexandre Neto/Photopress/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

15/01/2021 14h44

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Há momentos na história de um país em que não se pode abrir mão de ter um estadista no comando da nação. É nas guerras, catástrofes e pandemias que o espírito público de um presidente deve sobressair.

Esse tipo de governante é o que sacrifica quaisquer interesses pessoais em favor do socorro a seus governados. É o líder que demonstra empatia pelos compatriotas nos momentos trágicos.

O homem que hoje ocupa a Presidência da República do Brasil é a antítese dessa descrição.

Em meio à maior pandemia de todos os tempos, era de se esperar que o presidente brasileiro fizesse o máximo possível para salvar os atingidos pela covid-19.

Jair Bolsonaro é o homem que faz o mínimo possível.

Diante de um dos quadros mais dramáticos já vividos por um estado brasileiro, Bolsonaro observa de longe as mortes ocorridas no Amazonas por falta de oxigênio nos hospitais.

Mandou a Manaus seu ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, para manter a absurda prática de defender um inexistente tratamento precoce para o coronavirus. Os amazonenses, no entanto, precisam mesmo é de oxigênio.

Pazuello se mexeu e conseguiu mandar ao Amazonas 5 mil metros cúbicos de oxigênio. A demanda no estado, no entanto, é de 75 mil metros cúbicos.

Mesmo assim, o presidente Bolsonaro considera que sua missão está cumprida. "Fizemos a nossa parte", disse ele hoje, no mesmo momento em que centenas de paciente de covid-19 corriam o risco de morrer sufocados em Manaus.

Tivéssemos um estadista no governo, Bolsonaro saberia que em tragédias como a que vivemos um presidente não pode jamais achar que fez tudo o que podia. Sempre há algo mais a fazer.

O atual ocupante do Palácio do Planalto não tem esse status — nem deseja ter.

Deve estar mais preocupado em livrar-se dessas atribuições para voltar à sua rotina de xingar os adversários e recitar o discurso de ódio com que inflama as redes sociais bolsonaristas.

Como todos sabem, é disso o que o Brasil mais precisa nesse momento.