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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pandemia bate recordes, mas Bolsonaro delira mandando povo para a rua

Colunista do UOL

26/02/2021 15h15

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Em sua campanha antecipada à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro foi hoje ao Ceará inaugurar trecho de rodovia. Em alguns momentos sorriu e comentou o Campeonato Brasileiro, como se o Brasil estivesse em situação amena. Só fechou mesmo a cara quando disparou mais uma fala irresponsável sobre a pandemia de coronavírus.

"O povo não aguenta mais ficar em casa", bradou, exortando os brasileiros a se insurgirem contra o cada vez mais necessário distanciamento social.

Ontem, Bolsonaro já tinha criticado o uso de máscaras como meio de prevenção contra a covid-19.

O presidente do Brasil faz essas declarações no momento em que o país registra 1.582 mortes em um único dia por causa do coronavírus.

O próprio ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, demonstrou preocupação com essa fase da pandemia. Alertou, inclusive, que a taxa de transmissão pode triplicar. O país já está entre os primeiros do ranking das nações com maior número de óbitos. Se o prognóstico de Pazuello se confirmar, veremos cenas ainda mais trágicas.

A confusão mental e a falta de empatia de Bolsonaro não permitem que ele se emocione com isso.

As vidas perdidas não o comovem.

Bolsonaro participa de inaugurações que seriam mais adequadas a um vereador, articula o livramento de seu filho Flávio da acusação de rachadinha, assina decretos que liberam armas... Faz tudo, menos tomar providências urgentes para garantir a vacina que os brasileiros esperam.

Com redes locais de Saúde em colapso em todas as regiões, mesmo prefeitos e governadores negacionistas estão fechando comércio e limitando a circulação.

Apesar disso, Bolsonaro não muda seu discurso.

Ao contrário de estimular vacinação e precauções contra a covid-19, como obviamente é papel de todo chefe de Estado, ele continua a desdenhar das campanhas sanitárias.

Como a coluna já consignou, é mais caso de psiquiatria que de análise política.

É preciso lembrar, porém, que nem toda patologia psiquiátrica torna o portador inimputável. Alguém deveria avisar ao delirante Bolsonaro que ele um dia poderá, sim, ser responsabilizado judicialmente pelo que está fazendo e deixando de fazer.

Para o bem da população, que esse dia não demore a chegar.