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Chico Alves

REPORTAGEM

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Ameaças de morte obrigam vereadora trans do PSOL a sair do país

Vereadora trans Benny Briolly, de Niterói eleita pelo PSOL como a mulher mais votada do Município - Rafael Lopes/Divulgação
Vereadora trans Benny Briolly, de Niterói eleita pelo PSOL como a mulher mais votada do Município Imagem: Rafael Lopes/Divulgação

Colunista do UOL

14/05/2021 04h00

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Primeira vereadora trans a ser eleita em Niterói, Benny Briolly (PSOL) foi obrigada a sair do país por causa de ameaças de morte. A informação foi dada pela assessoria do mandato. A princípio, Benny ficará afastada das sessões presenciais por 15 dias e participará da plenária de forma virtual. Após esse prazo, ela espera que as autoridades tenham tomado providências para garantir sua segurança.

As ameaças e ofensas começaram há cinco meses, logo no início do mandato. Em uma delas, recebeu e-mail citando seu endereço que exigia a renúncia do cargo, caso contrário iriam até sua casa matá-la. Nas redes sociais, um dos ofensores desejou que "a metralhadora do Ronnie Lessa" a atingisse (uma referência ao ex-PM acusado de matar a vereadora carioca Marielle Franco, também do PSOL).

Segundo a assessoria de Benny, as ameaças foram comunicadas e oficializadas a várias instâncias do Estado brasileiro, mas até o momento não foram tomadas medidas efetivas que protegessem sua vida e seus direitos políticos. A situação foi transmitida à presidência da Camara Municipal de Niterói, Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do Ministerio Público Federal, Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos e Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O presidente do TSE, ministro Luiz Roberto Barroso, oficiou à Câmara de Niterói pedindo que sejam tomadas medidas para resolver o problema.

A assessoria da vereadora não especificou quais os responsáveis pela onda de ameaças.

Em março, Benny acusou um outro integrante da Câmara por fazer ataques a ela. "Hoje fui agredida com transfobia, racismo e quase fisicamente pelo vereador fascista Douglas Gomes (PTC), que foi segurado pelos meus companheiros de bancada para que não me encostasse. Foi horrível e doloroso!", disse ela.

Benny é mais uma integrante do PSOL às voltas com adversários violentos. Em 2018, a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco foi assassinada a tiros junto com seu motorista, Anderson Gomes. No ano seguinte, Jean Wyllys desistiu do mandato de deputado federal depois de sofrer várias ameaças e saiu do país. Em 2020, a deputada federal Talíria Petrone teve que mudar de estado também por causa de ameaças.

Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, acredita que a perseguição à vereadora Benny é uma expressão da situação de degradação da democracia brasileira. " As violências que a levaram a sair do país para proteger sua vida são as mesmas que colocam o país na vergonhosa posição de ser o que que mais mata pessoas trans no mundo", avalia Juliano.