Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Copa América é novo pretexto de Bolsonaro para expor brasileiros à covid
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Se Argentina e Colômbia não podem sediar a Copa América por causa da situação crítica da pandemia de covid-19, para onde o evento poderia ser transferido? Para o Brasil, claro.
Aqui a pandemia está em nível ainda mais crítico. A grande diferença é que temos um presidente irresponsável, que não tem respeito pelos quase 450 mil mortos e não perde uma oportunidade de incentivar os brasileiros ao risco da contaminação.
Tem sido assim desde que o primeiro caso foi registrado no país.
Sabendo disso, a Conmebol articulou com a CBF essa transferência. Os dirigentes das duas entidades sabiam que a ideia de realizar um evento internacional de futebol seria muito bem recebida por Bolsonaro. O presidente certamente iria adorar dar à população mais um motivo para sair às ruas, sem ligar para a pandemia.
Chegando a requintes de crueldade, propõem até mesmo a presença de público na final do torneio, que se realizará no Rio. O governador bolsonarista Cláudio Castro (PSC) não criará empecilho para transformar essa sandice em realidade.
Com uma possível terceira onda à vista e a variante indiana à solta, um governante digno desse nome trataria de tentar proteger o seu povo.
Mas não Bolsonaro, o presidente que atrasou o quanto pode a compra de vacinas, desestimulou a imunização, não visitou um hospital sequer durante a pandemia e classificou como "maricas" as pessoas que demonstram preocupação com o vírus.
Ao projeto insano do ocupante do Palácio do Planalto se junta agora a CBF, entidade representativa do futebol nacional.
Não é a primeira vez que os cartolas brasileiros se prestam a fazer o jogo de um mandatário que busca instrumentalizar o futebol para finalidades escusas. Foi assim na ditadura militar, quando o presidente Emílio Garrastazu Médici vinculou sua imagem à seleção brasileira que foi tricampeã mundial no México.
Agora, a CBF se oferece a Bolsonaro como parceira para incentivar a quebra dos protocolos sanitários recomendados pelos epidemiologistas.
Quando a competição começar, com a participação de delegações estrangeiras e talvez também com torcedores de fora, o Brasil terá 500 mil mortos por coronavírus, UTIs lotadas e filas de pacientes à espera de atendimento.
Difícil pensar em gol contra mais bizarro.
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