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Políticos de vários partidos condenam suposta ameaça de Braga Netto
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A ameaça que o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, teria encaminhado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dizendo que sem voto impresso não vai haver eleições em 2022 foi duramente criticada por políticos de vários partidos ouvidos pela coluna. A revelação foi feita pelas jornalistas Andreza Matais e Vera Rosa, do jornal Estado de S. Paulo.
A intimidação teria sido feita no dia 8 de julho, mesma data em que o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores à frente do Palácio da Alvorada que "ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições".
"Numa democracia quem decide se tem ou não eleição não são os militares e sim a Constituição que eles juraram defender e cumprir", disse o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM). "Portanto, se realmente houve o episódio o ministro da Defesa se afasta do seu juramento militar e envereda por um golpismo que precisa ser combatido duramente pela sociedade, pelos Poderes e pelas instituições democráticas".
A presidente do PT, deputada Gleisi Hofmann, quer que Braga Netto e o presidente da Câmara se pronunciem. "Tanto o general ministro como o Lira têm de explicar essa situação", afirma ela. "Muito grave essa militância política do comando das Forças Armadas. Ao invés de defender o país, o ameaçam?! É isso?".
Ela informou que o PT prepara um pedido de convocação do Braga Netto para se explicar na Câmara. "Esperamos que o Lira apoie essa convocação, para o bem da democracia", antecipa.
Antecessor de Arthur Lira na presidência da Câmara, Rodrigo Maia (sem partido-RJ) também se manifestou. "O Brasil espera uma manifestação do ministro da Defesa e dos comandantes das Forças Armadas sobre a grave reportagem de hoje", afirmou. Maia lembra que nasceu no Chile porque meu pai foi perseguido pela ditadura e com a família acompanhou de perto o desenrolar do golpe do Pinochet, em 73.
"A história é implacável. Ela insiste em se repetir. Lá, um dos epicentros da crise que levou ao golpe foi a mudança no comando do Exército. Por aqui, o presidente tirou um general legalista, Fernando Azevedo, e o substituiu por um general personalista, que faz tudo o que ele deseja", criticou o ex-presidente da Câmara.
Candidato à prefeitura de São Paulo nas últimas eleições, pelo PSOL, Guilherme Boulos diz que a intenção golpista de Bolsonaro está escancarada. "A cada dia que ele fica no poder, usa para articular o aparato de Estado nessa direção, inclusive setores militares", acredita. "Precisamos mostrar que não tem mais espaço para isso no Brasil. O impeachment é urgente e a mobilização popular mais necessária do que nunca".
Vice-presidente do PSL, o deputado Júnior Bozzella (SP) prefere acreditar que tudo não passe de especulação. "O papel das Forças Armadas é justamente zelar pela Constituição e pela segurança do país e não pela segurança política do presidente da República Jair Bolsonaro. Se essa declaração tiver qualquer pingo de verdade trata-se de uma grave ameaça à democracia do país e cabe ao Arthur Lira, enquanto presidente da Câmara dos Deputados e terceiro homem na linha de sucessão presidencial tomar providências a respeito", diz Bozzella. "Não cabe nem ao presidente da República e nem às Forças Armadas decidir em que condições haverão eleições, isso não está em discussão, é constitucional".
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