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Chico Alves

REPORTAGEM

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Ex-aliado nega motim por Bolsonaro: 'Se PM for expulso, ele não reverterá'

O deputado Alberto Fraga  - LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS
O deputado Alberto Fraga Imagem: LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS

Colunista do UOL

25/08/2021 04h00

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Com a experiência de quem é coronel PM da reserva e teve mandato de deputado federal por 30 anos, com grande votação entre policiais, Alberto Fraga não vê motivo para preocupação com as manifestações de 7 de setembro. Para ele, não há problema na participação de PMs que estiverem de folga ou que não são da ativa. "Desde que se comportem ordeiramente", disse ele à coluna.

Fraga, que foi criador e líder da bancada da segurança pública na Câmara, a chamada bancada da bala, minimiza as chances de ocorrer violência no ato por parte dos praças ou motins nas corporações a favor do presidente Jair Bolsonaro. "Até porque a hora que um governador ou um comandante geral expulsar um policial, Bolsonaro não tem força pra retornar", observa.

O ex-deputado teve amizade de 40 anos com o presidente da República, mas se afastou em maio depois que sua mulher, Mirta, morreu por causa da covid-19. Fraga discorda profundamente da forma como Bolsonaro lida com a pandemia. Ao ser perguntado sobre o rompimento com o velho amigo, ele se esquiva: "Prefiro não falar disso, desculpe".

O grande apoio dos policiais militares ao presidente é uma realidade, confirma o ex-deputado, embora ele não veja justificativa para isso. "Bolsonaro não fez absolutamente nada pela categoria. Pelo contrário, houve até algumas perdas", comenta.

Ele reconhece que o fanatismo dos bolsonaristas preocupa. "Há colegas que não enxergam determinadas coisas e defendem o indefensável", admite Fraga. Mesmo assim, não acha que vá haver insubordinação.

Apesar de crítico de algumas decisões do Supremo Tribunal Federal, o ex-parlamentar não concorda com as propostas radicais para mudar a situação. "A gente vê alguns comentários que dão até tristeza, Coisas como "Queremos a destituição dos onze ministros"? Isso não existe, gente", reclama. Ele apoia a ideia de que os ministros do Supremo deveriam ser de carreira, como acontece nos tribunais de outras instâncias.

Fraga descarta a possibilidade de golpe. "A sociedade hoje não aceita esse tipo de pensamento, de forma alguma", acredita. "Na manifestação vai ter aquelas faixas idiotas de intervenção militar, AI5, nada mais".

Ele também não vê como os atos de 7 de setembro possam alterar os rumos da política nacional: "Digamos que a Avenida Paulista seja tomada por um milhão de pessoas, que Brasília tenha 600 mil e o Rio de Janeiro tenha outros milhares de manifestantes. O que vai mudar por causa disso? Nada".