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Chico Alves

REPORTAGEM

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Ex-ministros apontam prós e contras de regras para turistas não vacinados

Turistas posam para foto no aeroporto - REUTERS
Turistas posam para foto no aeroporto Imagem: REUTERS

Colunista do UOL

09/12/2021 13h37

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As regras para ingresso de turistas não vacinados no país, publicadas hoje no Diário Oficial da União, foram analisadas a pedido da coluna por três ex-ministros da Saúde. Segundo o texto da Casa Civil, viajantes que entrarem no Brasil por via aérea a partir de sábado terão que fazer quarentena de cinco dias caso não apresentem comprovante de vacina. O teste negativo para covid-19 continuará sendo exigido.

"Pelo menos o texto coloca a vacina no centro da questão e deixa claro que a vacina é uma solução coletiva e a não vacina terá restrições", observa Luiz Henrique Mandetta, que esteve à frente da pasta no início do governo de Jair Bolsonaro. "É difícil o controle, pois não há liderança sanitária no país. Estamos bem à deriva quando olhamos para o Ministério, que é quem deveria falar da importância para a sociedade e controlar a testagem".

Mandetta diz que "deve ter sido uma tristeza" para os integrantes do governo aprovarem essa medida. "Negacionista condicionando entrada e trânsito livre aos vacinados", explica. Mas ele alerta que "os não vacina não respeitam quarentena, nem comparecem para testar e não temos pernas para monitorar todos".

O ex-ministro José Gomes Temporão, que comandou a Saúde no governo Lula, acredita que para quem vem de fora do país a exigência de quarentena pode desestimular a vinda dos não vacinados. Mas ressalva: "Aqui temos uma outra hipótese: americanos e europeus não vacinados que mesmo assim venham, apostando na impossibilidade de controle adequado em um país 'latino'".

Para Temporão, se a quantidade de turistas não vacinados for realmente pequena, é possível controlar. "Mas se estiverem em número de centenas ou milhares evidente que não. Quem vai fiscalizar? A polícia? A Anvisa? Inviável!", afirma.

Para Alexandre Padilha, que foi ministro da Saúde na gestão de Dilma Rousseff, o presidente acaba atraindo os não vacinados. "Depois do turismo sexual, do turismo religioso, Bolsonaro quer transformar o Brasil no turismo do negacionismo. Não pensa na vida dos brasileiros, só pensa em lucro e na falsa imunidade de rebanho", diz ele, que é deputado federal pelo PT de São Paulo. "Nós vamos continuar insistindo para que se aplique no Brasil o passaporte vacinal e que se exija que para entrar no Brasil se esteja vacinado".