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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Cada dia de Queiroga como ministro é mais uma prova da derrocada do Brasil

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante entrevista coletiva em Brasília - Mateus Bonomi/Reuters
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante entrevista coletiva em Brasília Imagem: Mateus Bonomi/Reuters

Colunista do UOL

18/01/2022 13h54

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Poucas coisas ilustram melhor o rebaixamento administrativo, intelectual e ético do país que a equipe ministerial de Jair Bolsonaro. O atual governo já teve ministro do Meio Ambiente que deixou a pasta sob acusação de parceria com contrabandistas de madeira, ministro das Relações Exteriores que se declarou orgulhoso por tornar o Brasil pária internacional e ministro da Educação que brigou com estudantes e professores.

A área da Saúde, porém, é hors concours. Depois do general Eduardo Pazuello, aquele que em plena pandemia de covid-19 distribuiu cloroquina, deixou faltar oxigênio nos hospitais e atrasou a compra de vacinas, veio o personagem que aí está: Marcelo Queiroga.

Diante dos olhos de todos, o atual ministro da Saúde, um médico, faz todo tipo de barbaridades. Para manter prestígio junto a Bolsonaro, passou a defender os postulados do negacionismo, expondo seus compatriotas ao risco do coronavírus.

Fez de tudo para manter a cloroquina no cardápio de medicamentos do Ministério da Saúde, tentou de todas as formas desestimular a vacinação de adolescentes e, depois de protelar o quanto pôde, faz o mesmo com a imunização das crianças de 5 a 11 anos.

Sim: o Brasil incorporou à sua rotina um ministro da Saúde que faz campanha contra a vacinação em plena pandemia.

Com esse objetivo, recorre a várias invencionices. A última delas foi a mais grave. Em entrevista a uma emissora que era rádio e virou TV, Queiroga disse que ocorreram cerca de 4 mil mortes no Brasil relacionadas à vacinação.

Obviamente, era mentira. Foram 11 mortes em um universo de 325 milhões de doses aplicadas.

Alertado para a cascata, o ministro insistiu na informação. Somente depois admitiu que estava errado.

Em um país com 621 mil mortos na pandemia, é inaceitável que a principal autoridade de Saúde do país, além de não fazer campanha para incentivar a vacinação, espalhe mentiras contra o imunizante.

É como se o posto de procurador-geral da República estivesse vago, Augusto Aras não faz nada (aliás, alguém sabe por onde anda?). Também outras instâncias da Justiça deixam a gestão criminosa correr solta. Parece que é suficiente a torcida para que o atual mandato chegue ao fim, como se as vítimas que ficam pelo caminho não fizessem diferença.

Mais que o fato de termos um ministro anti-Saúde, a complacência da sociedade com essa situação trágica, que se confirma a cada dia, talvez seja a maior prova da derrocada do Brasil.