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Uma pergunta a Braga Netto: Quem mandou matar Marielle e Anderson?
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Em entrevista concedida em janeiro de 2019 e publicada n'O Globo, o general Walter Braga Netto, então interventor na Segurança Pública do Rio, comentou ao jornalista Vinicius Sassine a investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Naquele momento, Braga Netto encerrava sua participação na intervenção. "Nós fizemos todo um trabalho. Não procuramos um protagonismo. Eu poderia ter anunciado quem a gente acha que foi (o assassino)", admitiu o general, que atualmente é o ministro da Defesa.
Braga Netto, no entanto, não anunciou nome nenhum.
Hoje, quatro anos depois de a vereadora e o motorista terem sido executados no Centro do Rio de Janeiro, o autor do crime, o PM Ronnie Lessa, e o condutor do automóvel, o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, estão presos. Mas a polícia fluminense não conseguiu mostrar à opinião pública o principal: o nome do(s) mandante(s) do crime.
É o maior atestado de inépcia que as autoridades poderiam dar sobre seu trabalho — a outra alternativa seria cumplicidade.
Há pouco mais de três anos, porém, Braga Netto acreditava que o desfecho estava próximo. "Você viu que está adiantado. Se mantiverem as equipes que estão fazendo as investigações, vão chegar a um resultado em breve", disse a'O Globo.
Como se sabe, a manutenção das equipes não ocorreu. Houve cinco trocas de delegados responsáveis pela apuração do caso. No Ministério Público, as promotoras de Justiça Simone Sibilio e Letícia Emile deixaram no meio do ano passado o caso que acompanhavam desde o início, sob alegação de "interferências externas".
Braga Netto agora está muito ocupado dando apoio aos movimentos golpistas do presidente Jair Bolsonaro, seja na fracassada tentativa de 7 de setembro, seja nos argumentos falsos contra a urna eletrônica. Mas o general bem que poderia reservar parte de seu tempo para recomendar à polícia do governador Cláudio Castro que dedique mais empenho ao caso Marielle e Anderson. Afinal, o crime ocorreu quando a área de Segurança Pública do Rio já estava sob intervenção federal — ou seja, sob responsabilidade de Braga Netto.
Sendo assim, o general e outros integrantes das Forças Armadas que atuavam na intervenção dividem com a polícia o signo da inépcia. Se não por outros motivos, ao menos por esse o ministro da Defesa deveria mostrar interesse no desfecho do caso.
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