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Chico Alves

REPORTAGEM

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Chefe da Associação Comercial do RJ minimiza apoio a golpismo de Bolsonaro

Jair Bolsonaro e José Antonio Brito, presidente da ACRJ - Divulgação
Jair Bolsonaro e José Antonio Brito, presidente da ACRJ Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

09/06/2022 15h04

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Presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, José Antonio Brito foi o anfitrião de Jair Bolsonaro na palestra que o presidente fez ontem aos associados da entidade. O evento chamou atenção tanto pela agressividade da fala de Bolsonaro quanto pelo apoio de muitos da plateia às ameaças antidemocráticas feitas pelo pré-candidato à reeleição.

Como mostrou a jornalista Ana Luiza Albuquerque, na Folha de S.Paulo, o presidente da República repetiu que pode descumprir decisões judiciais, ao citar o julgamento do marco temporal que será feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Se aprovar isso o que eu faço? Decisão do Supremo não se discute, se cumpre, é isso?", perguntou Bolsonaro, recebendo como resposta da plateia o coro de "não".

Brito explica que Bolsonaro causou comoção "do tamanho de um bonde" na plateia de 400 pessoas porque a maioria ali o apoia. "Essencialmente, a minha parte associada é uma tradução perfeita desse bolsonarismo na área empresarial", disse à coluna o presidente da Associação Comercial. "São pequenos e médios empresários. Quanto mais passa o tempo, mais Bolsonaro o cara fica".

O líder da entidade identifica uma guerra cultural hoje em andamento no Brasil e Bolsonaro como líder de uma das facções em disputa. "No meu dia a dia eu tenho dificuldades com a minha base, porque meu pensamento é diferente", diz ele.

Para Brito, o apoio aos ataques de Bolsonaro ao STF é a expressão da "raiva desse extrato da sociedade". "As pessoas estão exaustas de regulamentos, de problemas para crescer, de falta de crédito, uma certa desesperança", comenta Brito. O dirigente destaca, porém, que a resposta à provocação do presidente não pode ser confundida com reais intenções golpistas.

"Na verdade, não tem nenhum maluco ali que vai dizer: 'não cumpro decisão judicial'. Você tem que cumprir as decisões judiciais, não se pode levar aquilo ali ao extremo, preto no branco", avalia. "Quem é Bolsonaro está irritado com o Supremo, por definição, está comprando o discurso do presidente. Na hora que ele dá um cavalo de pau desse em cima do STF, o cara acha graça, mas não dá pra levar ao pé da letra e dizer que 400 pessoas sentadas ali apoiam o descumprimento de decisões judiciais. Não é isso".

E no caso de eventual derrota nas eleições de outubro, caso Bolsonaro não aceite resultado desfavorável, como tem dado a entender, os empresários apoiariam um golpe?

"O empresariado fica contra o golpe, não tem a menor chance dessa tese decolar", acredita o presidente da Associação Comercial do Rio. "Você pode até ter um ou outro que pense diferente, mas diria que, apesar da impressão que ficou, o empresariado entende a importância da democracia. Não se iluda com isso, não tenho nenhuma dúvida".

Para José Antonio Brito, a tese de golpe não tem "tração" na entidade. "Quem vencer, vai levar", afirma.