Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Chefe da Associação Comercial do RJ minimiza apoio a golpismo de Bolsonaro
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, José Antonio Brito foi o anfitrião de Jair Bolsonaro na palestra que o presidente fez ontem aos associados da entidade. O evento chamou atenção tanto pela agressividade da fala de Bolsonaro quanto pelo apoio de muitos da plateia às ameaças antidemocráticas feitas pelo pré-candidato à reeleição.
Como mostrou a jornalista Ana Luiza Albuquerque, na Folha de S.Paulo, o presidente da República repetiu que pode descumprir decisões judiciais, ao citar o julgamento do marco temporal que será feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "Se aprovar isso o que eu faço? Decisão do Supremo não se discute, se cumpre, é isso?", perguntou Bolsonaro, recebendo como resposta da plateia o coro de "não".
Brito explica que Bolsonaro causou comoção "do tamanho de um bonde" na plateia de 400 pessoas porque a maioria ali o apoia. "Essencialmente, a minha parte associada é uma tradução perfeita desse bolsonarismo na área empresarial", disse à coluna o presidente da Associação Comercial. "São pequenos e médios empresários. Quanto mais passa o tempo, mais Bolsonaro o cara fica".
O líder da entidade identifica uma guerra cultural hoje em andamento no Brasil e Bolsonaro como líder de uma das facções em disputa. "No meu dia a dia eu tenho dificuldades com a minha base, porque meu pensamento é diferente", diz ele.
Para Brito, o apoio aos ataques de Bolsonaro ao STF é a expressão da "raiva desse extrato da sociedade". "As pessoas estão exaustas de regulamentos, de problemas para crescer, de falta de crédito, uma certa desesperança", comenta Brito. O dirigente destaca, porém, que a resposta à provocação do presidente não pode ser confundida com reais intenções golpistas.
"Na verdade, não tem nenhum maluco ali que vai dizer: 'não cumpro decisão judicial'. Você tem que cumprir as decisões judiciais, não se pode levar aquilo ali ao extremo, preto no branco", avalia. "Quem é Bolsonaro está irritado com o Supremo, por definição, está comprando o discurso do presidente. Na hora que ele dá um cavalo de pau desse em cima do STF, o cara acha graça, mas não dá pra levar ao pé da letra e dizer que 400 pessoas sentadas ali apoiam o descumprimento de decisões judiciais. Não é isso".
E no caso de eventual derrota nas eleições de outubro, caso Bolsonaro não aceite resultado desfavorável, como tem dado a entender, os empresários apoiariam um golpe?
"O empresariado fica contra o golpe, não tem a menor chance dessa tese decolar", acredita o presidente da Associação Comercial do Rio. "Você pode até ter um ou outro que pense diferente, mas diria que, apesar da impressão que ficou, o empresariado entende a importância da democracia. Não se iluda com isso, não tenho nenhuma dúvida".
Para José Antonio Brito, a tese de golpe não tem "tração" na entidade. "Quem vencer, vai levar", afirma.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.