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Chico Alves

REPORTAGEM

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Sônia Guajajara critica doação de Biden à Amazônia: 'Vergonha para os EUA'

Sônia Guajajara - Divulgação / Mídia Ninja
Sônia Guajajara Imagem: Divulgação / Mídia Ninja

Colunista do UOL

10/06/2022 08h35

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A líder indígena Sônia Guajajara disse que o encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro e Joe Biden na Cúpula das Américas não atendeu às expectativas. "A oferta irrisória de Biden de US$ 12 milhões para proteger a Amazônia brasileira, colombiana e peruana mostra o valor de Bolsonaro", criticou ela à coluna. "É uma vergonha para os Estados Unidos oferecer essa quantia, diante da dimensão e da complexidade da região".

Reconhecida pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, por sua ação em defesa dos povos indígenas, Sônia foi a Nova York para receber a homenagem, denunciar os ataques à floresta brasileira e chamar atenção para o desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira.

Ela avalia que a Cúpula das Américas representou a continuação dos "acordos de faz-de-conta" que só geram insatisfação. "Não se vai conseguir proteger a as florestas, a Amazônia, a biodiversidade, a vida das pessoas com um valor insignificante como esse", lamenta.

Também as declarações de Bolsonaro a Biden, de que a Floresta Amazônica está preservada foram criticadas por Sônia. "Desde que assumiu, Bolsonaro destruiu as políticas e instituições de preservação do meio ambiente", diz ela. "Somente nos últimos três anos, o desmatamento na Amazônia aumentou 56,6%, o que nos permite afirmar que o governo Bolsonaro é o grande inimigo da floresta, só quer saber quanto vale a região em termos de lucro".

Para Sônia, é grande a preocupação internacional com o desaparecimento de Dom Phllips e Bruno Pereira. "Esse caso não é apenas sobre duas pessoas desaparecidas, significa toda essa ausência do Estado brasileiro na Amazônia, nos territórios indígenas", acredita. "A impunidade e o descaso para com essa situação só reforça a permanente violência que acontece naquela área, com invasão e assassinatos. É a impunidade que municia as pessoas que praticam essa criminalidade toda, essa perseguição aos indígenas e seus aliados".

A líder indígena entregou a John Kerry, assessor do governo americano, uma carta da sociedade civil organizada do Brasil sobre o desaparecimento do jornalista e do indigenista. Kerry respondeu, dizendo que o governo americano vai fazer todos os esforços para ajudar a elucidar o caso. "Bolsonaro não tem noção da dimensão desse episódio", destaca Sônia. "Dediquei todo espaço que eu tive de imprensa nesse momento para cobrar a solução para esse desaparecimento e denunciar as violências contra os indígenas".