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'Com Lula, sem constrangimento e pela democracia', diz Marcelo Madureira
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Na frente ampla que está se formando para apoiar a candidatura do presidenciável Luiz Inácio lula da Silva (PT), um dos nomes mais surpreendentes foi o de Marcelo Madureira. Conhecido por ser um dos criadores do humorístico Casseta e Planeta, sucesso na TV Globo nos anos 1990, Madureira esteve ontem em São Paulo para declarar voto no petista. Algo que parecia impensável para alguém que passou os últimos anos fazendo duras críticas aos governos do Partido dos Trabalhadores e exaltando a operação Lava Jato.
"Vamos com Lula sem constrangimento e pela democracia", explicou ele à coluna. "Vejo em Bolsonaro e no grupo que ele representa uma grave ameaça às instituições democráticas. Basta ver o que ele falou hoje sobre mudar a composição do Supremo". O humorista se refere à proposta de aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal para criar maioria artificial a favor do governo.
Do voto em Bolsonaro, por rejeição ao PT, até o abraço que deu ontem em Lula - inclusive com direito a fazer o "L" para a câmera —, Madureira passou por um processo de reflexão junto com os integrantes do grupo Derrubando Muros. Trata-se de um think tank de mobilização política que tem participantes de direita, centro e esquerda. Vários de seus colegas de grupo estiveram ontem com Lula.
"Procuramos por muito tempo uma candidatura de terceira via, conversamos com muitos postulantes e candidatos", admite o humorista. No fim das contas, quando restaram Lula e Bolsonaro, ele concluiu que não haveria outra escolha a fazer.
"Fui e sou forte crítico de determinadas práticas de alguns membros do PT, que na minha opinião deveriam ter feito alguma autocrítica", avalia. "Mas na política há momentos em que temos que buscar convergência. Não se trata mais de discutir corrupção ou não corrupção, o patrimônio cívico que temos hoje no Brasil é o regime democrático, no qual o PT, mal ou bem, tem protagonismo". Para Madureira, a extrema direita é contrária a esses ideais de democracia.
O nome do humorista circulou nos últimos dias nas redes sociais como autor de um texto intitulado "Volta, Lula", que listou motivos para não votar no presidenciável do PT. Ele avisa que nunca escreveu tal coisa.
Diz que o governo Bolsonaro o surpreendeu para pior. "Houve uma certa ingenuidade, não sabia que no Brasil a direita era tão grande e organizada. Nós de centro-esquerda não conhecemos o eleitor brasileiro, a gente tem uma certa empáfia", lamenta.
Ele também usa a palavra "ingenuidade" para definir o motivo pelo qual Sergio Moro, a quem apoiou nos tempos de Lava Jato, agora está apoiando Bolsonaro. Para Madureira, o ex-juiz é "naïf", se ressente de maior experiência na política.
A favor dos petistas, o humorista diz que já entraram e saíram do poder dando provas de que aceitam o jogo democrático. Acredita que o Brasil está dividido, seja qual for o resultado, e que Lula tem o melhor perfil para pacificar o país.
Madureira ironiza os seguidores das redes sociais que criticam sua decisão. "Não me sigam, nem eu sei direito para onde estou indo", diz. "Faço o que minha consciência manda".
E arremata com uma máxima que atribui ao economista John Maynard Keynes: "Quando vejo que estou errado, mudo de opinião. Simples assim".
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