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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Após acusação de Marcos do Val, generais bolsonaristas deveriam se explicar

Generais da reserva Augusto Heleno e Braga Netto - Reprodução de vídeo
Generais da reserva Augusto Heleno e Braga Netto Imagem: Reprodução de vídeo

Colunista do UOL

02/02/2023 12h24

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A bombástica denúncia de conspiração golpista que o senador Marcos do Val (Podemos-ES) fez à revista Veja não incrimina apenas o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira. Na mesma reunião em que foi convidado a participar da trama, do Val recebeu a informação de que apenas cinco pessoas sabiam do plano: as três que estavam naquela sala e mais duas figuras "cinco estrelas", segundo relatou à revista. Uma óbvia referência a generais.

Naquele dia 9 de dezembro, o general da reserva que mantinha maior proximidade com Bolsonaro era Walter Braga Netto, que concorreu como vice-presidente na chapa do PL. O oficial estava ao lado do ainda presidente quando ele foi à frente do Palácio da Alvorada para falar com apoiadores.

"Nada está perdido. O final, somente com a morte. Quem decide meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês", disse Bolsonaro na ocasião, bem perto de Braga Netto.

A fala golpista, feita no mesmo dia em que aconteceu a conversa com Marcos do Val, torna inevitável a pergunta: Braga Netto sabia da conspiração descrita por Daniel Silveira?

Afinal, algumas semanas antes da reunião relatada ao senador, o general tinha conversado com representantes dos golpistas acampados à porta do QG do Exército, em Brasília, e, além de recomendar que não perdessem a fé, proferiu frases obscuras: "Eu sei, tem que dar um tempo, tá bom? Eu não posso conversar".

Outro que deveria dar explicações é o general Augusto Heleno. No relato feito por Marcos do Val, Bolsonaro disse que já tinha acertado com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para dar suporte à operação golpista, com equipamentos de espionagem.

Na posição de alguém que era o ministro responsável pelo GSI, Heleno tem que vir a público para se posicionar quanto a essa grave acusação.

Como se viu nas semanas posteriores, quando Lula já estava no posto de presidente, a equipe que o general deixou no GSI foi afastada pelo petista, sob clima de desconfiança.

Sejam quem forem, os personagens fardados dessa trama tiveram o cuidado de não se mostrar ao senador que foi convidado a participar do golpe.

Mas nada está perdido. Com uma investigação rigorosa da Polícia Federal, não será difícil identificá-los.