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Goleada de Marinho nas redes comprova incompetência do governo nessa área
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Nos bastidores do Congresso, a candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) continua vista como favorita para vencer a eleição à presidência do Senado, que será realizada amanhã. Cada vez menos políticos, porém, se arriscam a fazer previsão de vitória folgada, como acontecia há alguns dias. Alguns aliados do atual presidente da Casa estão preocupados.
O motivo é a campanha massiva nas redes sociais a favor do candidato Rogério Marinho (PL-RN) e principalmente contra Pacheco.
Naturalmente, o candidato à reeleição leva vantagem em qualquer votação. Tem a caneta, pode negociar cargos em comissões importantes e prometer acordos que estarão mais perto de serem cumpridos. Além disso, Pacheco teve nos últimos meses atuação destacada em favor da democracia e contra os golpistas que depredaram, entre outros prédios, o próprio Senado.
Marinho tem pouco a oferecer aos colegas que não integram o grupo de radicais bolsonaristas. Mas a campanha pesada nas redes sociais criou uma nova realidade, que alguns temem que não seja apenas virtual.
Os aliados do senador potiguar nada mais fizeram do que lançar mão do artifício que é a marca do bolsonarismo, tão manjado quanto eficaz: as milícias digitais. Uma enxurrada de postagens e hashtags atacando o adversário de Marinho e pressionando senadores dominou as redes.
Levantamentos divulgados hoje pelas pesquisadoras Letícia Capone, da PUC do Rio, e Ana Julia Bonzanini Bernardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), dão uma ideia do estrago. No período de 26 a 30 de janeiro, hashtags contra Pacheco são as mais numerosas, um suposto crescimento de Marinho tornou-se a pauta mais frequente e o apoio de PP, PL e Republicanos ao candidato bolsonarista teve grande repercussão.
Relatório do período detalha o quadro desolador para o governo: "A extrema-direita superou com folga o alcance obtido pela esquerda nas três redes sociais acompanhadas - YouTube, Facebook e Instagram. Nesta última, ainda que o campo progressista tenha publicado 1.100 posts a mais do que o campo conservador, as interações obtidas pela extrema-direita superaram em mais de 3 milhões as angariadas pela esquerda".
Por esses resultados, não é difícil constatar que os estrategistas do PT — que apoia Pacheco — e partidos aliados não aprenderam muito com a última eleição, quando o deputado André Janones (Avante-MG) conseguiu rivalizar com a tropa digital de Bolsonaro praticamente sozinho. Não são apenas recursos que definem essa parada: é preciso expertise, é preciso talento, é preciso uma sintaxe própria.
Mais de quatro anos após a vitória de Jair Bolsonaro nas urnas, quando foram introduzidas definitivamente as plataformas virtuais como ferramentas decisivas da política, já era hora de a esquerda ter assimilado a lição.
Isso não aconteceu.
Vença Pacheco ou Marinho, a eleição para a presidência do Senado é uma nova oportunidade de aprendizado para os governistas.
Se não compreenderem agora que um dos espaços mais importantes para travar a guerra pela democracia são as redes sociais, mais à frente talvez seja tarde demais.
A extrema-direita torce por isso.
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