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Vini Jr. que joga hoje é bem diferente do de domingo - e a Espanha também
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Não se sabe quanto tempo vai durar a onda de indignação pelos ataques racistas dirigidos ao jogador Vinicius Jr. na Espanha, mas uma coisa é certa: o craque do Real Madrid já escreveu seu nome na história. Finalmente, depois de vários anos de manifestações de discriminação contra atletas negros nos estádios espanhóis, autoridades governamentais e desportivas tiveram que se explicar e anunciar medidas contra o racismo.
Parlamentares passaram a se movimentar para tornar mais duras as leis que punem esse tipo de crime. Autores dos ataques racistas foram identificados, detidos e vão responder à Justiça. Árbitros do VAR que induziram o juiz de campo a expulsar Vini Jr. serão demitidos. O cartão vermelho foi tornado sem efeito e ele poderá jogar hoje. O Valencia teve parte do estádio interditado e terá que pagar multa equivalente a R$ 240 mil.
Além disso, a menção feita pelo presidente Lula sobre o episódio, durante a reunião do G7, tirou o caso do ambiente meramente desportivo e transformou-o em assunto de Estado. O mundo todo comenta o ocorrido.
A questão do racismo está longe de ser resolvida na Espanha. Mas, levando-se em conta a forma como alguns integrantes da imprensa e da cartolagem do país tentavam até o último fim de semana responsabilizar a vítima pela violência que a atingira, pode-se dizer que houve uma grande mudança em pouquíssimo tempo.
Tudo isso aconteceu apenas por um motivo: a atitude corajosa de Vini Jr. de enfrentar sozinho seus ofensores.
Como se sabe, a coragem contagia.
Foi o que aconteceu.
Ciente da discriminação que tinham experimentado antes dele outros jogadores negros, como Roberto Carlos e o camaronês Samuel Eto'o, resolveu enfrentar. Mesmo com as lágrimas escorrendo no rosto e a dor no coração, não deixou de se manter no ataque diante dos racistas do estádio do Valencia.
Hoje, quando pisar no gramado para jogar contra o Rayo Vallecano, Vini Jr. será um jogador bem diferente daquele do jogo de domingo. Agora tem a certeza de que, apesar de tanto sofrimento, vale a penas resistir.
O craque do Real Madrid também poderá identificar diferenças em tudo à sua volta.
Os torcedores racistas pensarão duas vezes antes de ofendê-lo e, se isso acontecer, os preconceituosos terão certamente uma resposta bem mais forte das autoridades. Os jornalistas muito dificilmente tratarão novamente a vítima como responsável pela agressão. Os cartolas de LaLiga vão torcer para que o jogador brasileiro não seja molestado, algo que antes tratavam com indiferença.
O quadro está longe de ser o ideal. Mas os racistas espanhóis já perceberam que não podem agir tão à vontade como antes.
Que Vini Jr, também sinta essa mudança e se beneficie dela para, enfim, poder fazer o mais gosta: jogar futebol.
É craque em todos os sentidos e merece voltar a ter prazer dentro de campo.
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