Topo

Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Cláudio Castro e MP devem explicações sobre escândalo das folhas secretas

15.set.2022 - O governador do Rio, Cláudio Castro - Eduardo Anizelli/Folhapress
15.set.2022 - O governador do Rio, Cláudio Castro Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Colunista do UOL

28/05/2023 10h53

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Quando até mesmo a apuração de um escândalo milionário de contratação de apadrinhados políticos corre o risco de se transformar em um novo escândalo, tem-se a dimensão da gravidade do que está acontecendo na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Em reportagens publicadas no UOL, os jornalistas Igor Mello e Ruben Berta revelaram dezenas de contratados ligados a políticos do PL e a Carlos Bolsonaro, vereador do Republicanos. Muitos não trabalharam, outros não tinham qualificação comprovada para a função. Mesmo assim, receberam mais de R$ 2 milhões em remuneração, paga por meio de folha secreta.

Sabe-se agora que para "apurar" o caso, a universidade designou uma comissão em que dois dos três integrantes embolsavam a remuneração por folha secreta.

Nessa investigação, um dos focos deveria ser o fato de que três amigos do senador Romário (PL) receberam R$ 69,7 mil cada por suposta participação em um projeto educacional. Em parte do período de contrato, um deles, o ex-jogador Fábio Braz, estava confinado, participando do reality show Ilha Record 2.

A outra investigação teria que esclarecer a contratação irregular de aliados do deputado federal Altineu Cortes, líder do PL na Câmara, do senador Carlos Portinho, líder do PL no Senado, e do vereador Carlos Bolsonaro.

No entanto, os jornalistas do UOL descobriram que dois dos encarregados dessa investigação deveriam estar no rol dos investigados: receberam R$ 279 mil em salários do esquema.

Após ser procurada para dar explicações, a reitoria informou que os funcionários que recebem por folha secreta foram retirados da apuração e que "como não tem conhecimento prévio sobre a participação de servidores em projetos, eventualmente pode ocorrer, de boa-fé, sua indicação para integrar Comissões de Sindicância".

Mais que o reitor, Mário Carneiro, quem deveria vir à público para dar explicações sobre o que acontece na Uerj é o chefe do governo ao qual a instituição é vinculada. O governador Cláudio Castro, no entanto, age como se nada estivesse acontecendo, como se a principal instituição de ensino superior da administração fluminense não estivesse sob suspeita de aparelhamento por parte de seu partido.

Quem sabe dessa vez ele se pronuncie?

Também o Ministério Público estadual não dá sinal de vida. Não se sabe em que pé está a apuração cível sobre o tema.

Enquanto continuar assim, difícil acreditar em punição para quem transformou essa importante universidade, antes conhecida apenas pela qualidade de seus professores, em alvo de investigação de tramoias politiqueiras.

Agora, virou paradouro para um batalhão de cabos eleitorais, que se enfiaram em sua folha de pagamento às vésperas da eleição.

Infelizmente, para certo tipo de político é só para isso que serve uma instituição de ensino.