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Crise Climática

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Mudança nas chuvas deve causar um estrago de R$ 29 trilhões a sete países

19.jul.2016 - Chineses seguram firme os guarda-chuvas após chuva em Taiyuan, na província de Shanxi - China Daily/ Reuters
19.jul.2016 - Chineses seguram firme os guarda-chuvas após chuva em Taiyuan, na província de Shanxi Imagem: China Daily/ Reuters

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/09/2022 04h00Atualizada em 01/09/2022 17h21

Esta é parte da versão online da newsletter Crise Climática enviada hoje (1º). A versão completa, apenas para assinantes, mostra ainda como a tragédia das chuvas no Paquistão está antecipando o principal embate da próxima Conferência do Clima da ONU: quem vai pagar pelos estragos causados pelo clima extremo nos países que menos contribuíram para o problema? O boletim traz também dados desanimadores de desmatamento na Amazônia. Quer receber o boletim completo na semana que vem, com a coluna principal e informações extras, por e-mail? Clique aqui e se cadastre.
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Uma pesquisa divulgada esta semana revela que o risco hídrico alimentado pela mudança climática poderá custar US$ 5,6 trilhões (cerca de R$ 29 trilhões) até 2050 em apenas sete países: Filipinas, Estados Unidos, Austrália, China, Emirados Árabes, Canadá, Reino Unido.

A maior parte deste prejuízo estará concentrada nos EUA (acima de US$ 4 trilhões, aproximadamente R$ 20 trilhões), seguido da China (acima de US$ 1 trilhão, cerca de R$ 5 trilhões).

Em termos proporcionais, as Filipinas seriam as maiores penalizadas do grupo, com uma perda anual estimada em 0,7% de seu PIB (Produto Interno Bruto).

O estudo intitulado "Aquanomics: The economics of water risk and future resilience" foi conduzido pela empresa GHD, que atua no segmento de estudos de viabilidade, planejamento, criação e gerenciamento de projetos. Segundo a empresa, esta é a primeira vez que o risco hídrico foi calculado em nível de PIB e por setor.

A pesquisa afirma que a intensificação já observada das mudanças climáticas levará ao agravamento de tempestades, e apenas as chuvas intensas em si têm um potencial de danos estimado em US$ 1,9 trilhão (cerca de R$ 10 trilhões) nos sete países até 2050. Inundações (seus efeitos para além das chuvas ou sem a interferência delas) e secas levariam a US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 7,5 trilhões) e US$ 607 bilhões (cerca de R$ 3 trilhões) de perdas adicionais, respectivamente.

Dos cinco setores empresariais considerados pela pesquisa como os mais vitais para a economia global, a indústria e a distribuição seriam as mais afetadas por desastres decorrentes da mudança do padrão de chuvas —US$ 4,2 trilhões (cerca de R$ 22 trilhões) em perdas são estimados até a metade do século.

A razão é que a escassez de água perturba a produção, enquanto tempestades e enchentes destroem a infraestrutura de transporte e os estoques.

O setor agrícola, vulnerável tanto à seca quanto às chuvas extremas, perderia até 332 bilhões de dólares (cerca de R$ 1,5 trilhão) nos países listados até 2050. Outros setores que enfrentam grandes desafios são o varejo, energia e o setor bancário, e neste último caso, o risco para a área de seguros é crítico, de acordo com a pesquisa.

"O setor de água enfrenta a dupla questão do aumento das necessidades de água, tanto residencial quanto comercial, e uma potencial redução no fornecimento devido à mudança climática. A forma como o setor responde a essas ameaças será um dos desafios mais importantes das próximas décadas", avalia Rod Naylor, líder global da iniciativa Água do Futuro da GHD.

"Água segura, acessível e confiável é um direito humano fundamental e desempenha um papel cada vez mais crucial em cada parte da economia global, e ainda assim é um dos nossos recursos mais desvalorizados", continua Naylor.

A pesquisa ressalta que a maior parte dos países investigados na pesquisa têm economias grandes e tecnologicamente avançadas, com recursos que, se implantados rapidamente, podem reduzir esses custos projetados. Além desses sete países, a pesquisa fez estimativas específicas para três regiões dos EUA —Nordeste, Sudeste e Sudoeste.

A GHD afirma ter empregado uma metodologia trifásica para estimar as perdas diretas, perdas por setor e perdas no PIB que podem ser atribuídas ao risco hídrico (secas, enchentes e tempestades) entre 2022 e 2050. A modelagem foi construída pela Cambridge Econometrics.

E o que mais você precisa saber

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Rio seco em Lushan, província de Jiangxi, na China: país enfrenta uma das mais graves secas da história
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FOI UM RIO QUE PASSOU

Imagens de satélite reunidas pelo Climate Home News dão conta do que está acontecendo com a umidade no hemisfério norte: neste Verão, todos os cursos d?água foram afetados severamente, da China aos Estados Unidos, com grandes estragos na Europa e no Oriente Médio. A ativista Christine Colvin, da ONG The Rivers Trust e ouvida pela matéria disse: "Podemos tomar a saúde dos rios como um indicador do quão estamos prontos para a mudança climática, ou seja, não estamos prontos".

gaby amarantos - Divulgação - Divulgação
Gaby Amarantos
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DIA DA AMAZÔNIA

Na próxima segunda-feira (5) é Dia da Amazônia, e uma programação cultural entre os dias 3-10 será realizada em todas as regiões do país. Entre as atrações está a paraense Gaby Amarantos, que se apresenta no sábado em São Paulo. Os organizadores querem alertar para o risco crescente de que o mundo perca sua maior floresta tropical devido à ausência de uma política de proteção efetiva no Brasil, onde está a maior parte desse ecossistema. Uma campanha está tentando reunir assinaturas físicas, em papel, para aprovação de uma lei que garanta a preservação das terras públicas não destinadas. São esses territórios os mais desmatados por grileiros, pecuaristas, garimpeiros e madeireiros.

É possível imprimir o formulário para coleta de assinatura no site - são necessárias 1,5 milhões de adesões comprovadas para levar o projeto de lei ao Congresso.

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