Governo do Brasil tem postura anticiência, diz pesquisador à revista Nature
Em entrevista publicada nesta sexta-feira (22) no site da revista Nature, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo, o físico Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências, critica postura anticiência do governo e de parte da sociedade brasileira.
A entrevista, que reforça a péssima imagem que o Brasil está conquistando no exterior no que se refere ao enfrentamento da covid-19, foi publicada sob o título: '''Medicamentos deveriam ser prescritos por médicos, não pelo presidente': um dos principais cientistas do Brasil discute a pandemia".
"Os pesquisadores brasileiros enfrentam uma batalha. O país tem o terceiro maior número de casos confirmados de covid-19, com mais de 300.000 infectados e 20.000 mortos. Os cientistas lá têm que lutar não apenas contra o coronavírus, mas também contra a postura anticiência do governo" — assim começa a introdução à entrevista.
Davidovich conta que pesquisadores de Manaus que não encontraram evidências de que a cloroquina ou a hidroxicloroquina sejam eficazes no tratamento da doença receberam ameaças de morte. Esses medicamentos, de uso comum para pacientes com malária, lúpus e artrite, estão sendo promovidos pelo governo federal como uma opção para tratar covid-19, apesar das evidências de que os prejuízos de seu uso podem superar os benefícios.
"As pessoas dizem que ciência é muito importante neste momento — mas, por outro lado, algumas pensam que a Terra é plana, que o ser humano não tem impacto sobre o clima e que a seleção natural não existe", disse Davidovich à Nature.
Davidovich pondera também que, por sorte, os governos estaduais estão bastante empenhados em trabalhar junto com a comunidade científica para encontrar soluções no combate à pandemia.
Recentemente, The Lancet, uma das principais publicações científicas da área médica, apontou o presidente Jair Bolsonaro como a maior ameaça ao combate à covid-10 no país. Agora a Nature coloca mais lenha nessa fogueira.
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