Cinco ministros alemães já foram acusados de plágio; dois perderam o cargo
Mentir no currículo acadêmico e cometer plágio em trabalhos de pós-graduação são motivos suficientes para um ministro perder o cargo? Se pegarmos o exemplo da Alemanha, sim. Se nos basearmos nos antecedentes do atual governo brasileiro, não. Mas com Carlos Alberto Decotelli dos Santos, o agora ex-ministro da Educação, foi diferente. Voltaremos a isso.
Desde 2011, nada menos que cinco ministros do governo da primeira-ministra alemã Angela Merkel foram acusados de plágio em suas teses de doutorado. Dois acabaram pedindo demissão.
O primeiro foi Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro da Defesa entre 2009 e 2011 e um dos políticos mais influentes do governo alemão naquele momento. A imprensa encontrou textos de outros autores, sem citação, em sua tese de doutorado. Primeiro ele disse que tinha sido apenas um erro. Logo começou a ser apelidado pelos alemães de Karl-Theodor zu "Googleberg", pelo hábito de copiar e colar textos pesquisados no navegador de internet. Depois, a Universidade de Bayreuth cancelou o seu título de doutor em Direito. Por fim, ele acabou pedindo demissão do cargo. Posteriormente, em processo na Justiça, foram encontrados 29 trechos com violações de direitos autorais em sua tese.
Dois anos depois, foi a vez de Annette Schavan, ministra de Educação (!), se demitir depois de se descobrir que ela cometeu plágio em sua tese em Filosofia. A Universidade de Düsseldorf retirou seu título de doutora.
Também foram acusados de plágio Franziska Giffey, atual ministra da Família, e Gerd Muller, ministro da Cooperação e do Desenvolvimento. As referências sem citação nas teses de ambos foram consideradas de baixa gravidade ou inexistentes pelas respectivas universidades e eles puderam manter o título acadêmico e o cargo.
Outro caso rumuroso foi o de Ursula von der Leyen, que comandou os ministérios da Defesa (2013-2019), do Trabalho (2009-2013) e da Família (2005-2009). A comissão acadêmica que avaliou as denúncias de plágio em seu doutorado em Medicina concluiu que ela de fato plagiou trechos na introdução do trabalho, mas não retirou seu título pois considerou que não havia problemas na parte central e mais importante do texto. Ursula não apenas manteve seu cargo no governo, como foi posteriormente eleita presidente da Comissão Europeia, o órgão executivo da União Europeia, cargo que assumiu em dezembro do ano passado.
Na Alemanha, portanto, onde surgiram até "caçadores de plágio" (voluntários que gastam seu tempo investigando as teses de políticos), o padrão tem sido acompanhar a decisão das universidades: se o título acadêmico é cassado, o ministro pede demissão.
No Brasil, as polêmicas giraram em torno de outro tipo de comportamento antiético: a inclusão indevida de títulos acadêmicos no currículo. Ricardo Salles, do Ministério do Meio Ambiente, e Damares Alves, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, por exemplo, foram pegos exibindo títulos acadêmicos que não tinham.
Não se cogitou a demissão de nenhum deles. E nem de outros ministros que fizeram da mentira um instrumento de gestão.
Com o breve ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli dos Santos, que é acusado tanto de plágio como de mentir sobre suas realizações acadêmicas, foi diferente. Por que será?
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