Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
A um ano de reeleição, Bolsonaro é o mais impopular dos presidentes
Tem razão o presidente Jair Bolsonaro quando ele diz, em entrevista à revista Veja desta semana, que "pesquisa é uma coisa, realidade é outra". Ainda mais sondagens de intenção de voto feitas a um ano ou mais das eleições, como as que mostram o ex-presidente Lula muito à frente na disputa em um eventual primeiro turno.
Muita coisa pode mudar o comportamento do eleitor nesse período, mas as pesquisas, tanto eleitorais como de popularidade, são, sim, um termômetro do momento que podem apontar uma tendência futura.
Quando se analisa a questão pelo ângulo da aprovação do governo, por exemplo, descobre-se que Bolsonaro tem uma situação pior do que todos os outros presidentes brasileiros que buscaram a reeleição desde a redemocratização, há mais de 30 anos.
Todos os que tiveram a chance de tentar, aliás, foram bem-sucedidos. Será que essa tradição política será quebrada com Bolsonaro?
Na última pesquisa Datafolha, divulgada há duas semanas, apenas 22% dos entrevistados avaliavam o governo de Bolsonaro como ótimo ou bom. Por sua vez, Dilma Rousseff, mais ou menos no mesmo estágio do primeiro mandato, tinha uma aprovação de 36%. Lula tinha 35% e Fernando Henrique Cardoso, 39%.
Ou seja, todos os últimos presidentes que se reelegeram tinham, a pouco mais de um ano do pleito, uma avaliação positiva de mais de um terço da população. Isso permitiu que todos chegassem como favoritos nas urnas, mesmo quando venceram por uma margem pequena, como ocorreu com Dilma Rousseff.
Bolsonaro tem a aprovação de mais ou menos um quarto dos entrevistados, apenas. Isso mostra o quanto o presidente precisa recuperar de popularidade para conseguir ser efetivamente competitivo em 2022.
Seu apoio está cada vez mais limitado à parcela da população ideologicamente alinhada a ele. Por enquanto, isso é o suficiente para chegar ao segundo turno — principalmente se o centro político continuar pulverizado em diversos candidatos. Mas, para o segundo turno, é o prenúncio de um vexame eleitoral.
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