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Preocupação dos EUA com estabilidade marca conversa de Biden e Xi Jinping
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Ocorreu hoje (28), pelo telefone, mais uma conversa entre os presidentes Joe Biden e Xi Jinping. O diálogo se deu no contexto de grande sensibilidade nas relações bilaterais, que, para muitos especialistas, encontram-se em seu pior momento em décadas.
No cerne das discussões, três principais pautas: 1) a guerra entre Rússia e Ucrânia; 2) a competição econômica entre Estados Unidos e China; e 3) as tensões em relação à Taiwan. No centro das preocupações, sobretudo do lado norte-americano, uma única meta: garantir o mínimo de estabilidade em face do já atribulado cenário global.
No que tange o primeiro e o segundo tópicos, está claro que Biden tem interesse em marcar posição, mas com cautela. Embora os interesses dos países sejam divergentes nessas searas, o foco do presidente norte-americano está, de acordo com seus próprios porta-vozes, em manter abertas as linhas de comunicação e, com isso, evitar mal entendidos ou eventuais erros de cálculo que possam desembocar em confrontos desnecessários e potencialmente prejudiciais ao governo democrata.
Do ponto de vista geopolítico, os Estados Unidos não podem prescindir da China para lidar com a Rússia. Precisam, portanto, investir em pequenos gestos e manter ativo o relacionamento interpessoal entre os seus líderes, bem como o canal de diálogo, principalmente considerando que, em alguns meses, o Partido Comunista Chinês deve conduzir Xi Jinping a um terceiro mandato.
Do ponto de vista econômico, Biden precisa encontrar meios de contornar as pressões que tem sofrido e que estão especialmente impulsionadas pelas eleições legislativas de novembro. A maior inflação em 40 anos e um dos piores índices de popularidade da História do país já empurraram o presidente norte-americano ao diálogo com a Venezuela, a viagem para a Arábia Saudita e, agora, levam Biden a cogitar o afrouxamento de sanções contra a China. Pessoas próximas ao presidente afirmam que ele está avaliando as possibilidade de suspender algumas tarifas impostas por Trump contra Pequim para tentar contornar a pressão inflacionária nos Estados Unidos.
No que diz respeito ao terceiro tópico, Biden tenta gerenciar a crise causada por uma eventual viagem da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à Taiwan. A visita, programa originalmente para abril, foi adiada porque a congressista testou positivo para covid-19 naquela ocasião. Em resposta à possível viagem, o governo chinês chegou a dizer que, caso ocorresse, ela envolveria "consequências".
É importante lembrar que Taiwan é governado de forma independente desde 1949, mas que a China considera a região parte de seu território. A administração de Pequim atua, há décadas, para que a província dissidente não alcance a independência, o que afetaria a unidade territorial da China. Não à toa a "One China Policy" é um dos mantras mais importantes da política externa chinesa. Todos os países que desejam manter relações diplomáticas ou comerciais com a China precisam reconhecer que Tibete, Hong Kong, Macau, Xinjiang e Taiwan estão sob o comando de Pequim.
Nesse momento, não interessa a Biden elevar o tom em relação ao tema. O presidente tem problemas internos mais urgentes para endereçar e um novo foco de crise geopolítica na Ásia poderia criar efeitos danosos para seu governo no curto prazo. Os impactos indesejados são tantos que até mesmo o Pentágono chegou a desincentivar a viagem de Pelosi à região por considerar os riscos de segurança demasiado elevados. Há quem diga que, caso a visita ocorra, é possível que o governo chinês tente declarar uma zona de exclusão aérea sobre Taiwan, o que poderia gerar um efeito de reações em cascata sob as quais se poderia perder o controle.
Como já temos insistido há algum tempo, trata-se de mais um capítulo em que a sobrevivência política, no campo doméstico, prevalece, acima de tudo, no trato das questões internacionais.
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