Fernanda Magnotta

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Opinião

Precisamos falar sobre refúgio e assistência humanitária

Vivemos em um mundo em que os conflitos se multiplicam em velocidade assustadora e, como reflexo, afligem sociedades inteiras, ampliando a necessidade de ajuda humanitária e multiplicando o número de refugiados e pessoas vulneráveis em deslocamento.

Refugiados são indivíduos que foram obrigados a deixar seus países de origem devido a perseguições, guerras, conflitos armados, violações de direitos humanos ou outras situações de violência e instabilidade. Tal condição é reconhecida internacionalmente e é acompanhada por instituições como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), estando sujeita às disposições da Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto específico para este tema, que data de 1951.

Segundo dados do Acnur, em 2022, mais de 108,4 milhões de indivíduos em todo o mundo foram obrigados a abandonar seus lares, dos quais 35,3 milhões são considerados refugiados. Além disso, há 4,4 milhões de apátridas, pessoas que foram privadas de sua nacionalidade e, consequentemente, enfrentam restrições no acesso a direitos essenciais, como educação, saúde, emprego e liberdade de movimento.

Do total, 52% de todos os refugiados e outras pessoas em necessidade de proteção internacional vieram de apenas três países: Síria, Ucrânia e Afeganistão. Já entre os principais países de acolhida estão Turquia, Irã, Colômbia, Alemanha e Paquistão. A Turquia sozinha, recebeu, no último ano, cerca de 3,6 milhões de refugiados, a maior população do mundo.

Se refugiados abandonam suas casas em busca de proteção e assistência, ao chegar em novos países, muitas vezes enfrentam dificuldades em termos de acesso a serviços básicos, integração sociocultural, problemas legais, além de falta de apoio psicológico.

Precisamos, portanto, qualificar o debate público sobre o tema e ajudar a combater preconceitos que afligem essas pessoas. Poderíamos começar endereçando 3 questões importantes: 1) estigmatização e rotulagem negativa; 2) percepção de que refugiados são uma carga para a economia; e 3) negligência às necessidades humanitárias.

A discriminação está amparada, com frequência, em desconhecimento e/ou manipulação política. Além disso, muitos refugiados possuem habilidades valiosas e grande motivação para contribuir positivamente para suas novas comunidades. Por fim, programas de reassentamento, assistência e integração também contribuem para o estabelecimento de comunidades mais fortes e justas como um todo.

Em um mundo em convulsão, estaremos cada vez mais expostos a essa questão. Precisamos não só de empatia e senso de compaixão, que não pode nem deve ser seletivo, mas também de um olhar mais sofisticado para discutir o tema sob a ótica de nossas políticas públicas. Esse é o tipo de matéria que pode despertar o melhor ou o pior de nós e que, em tempos de polarização e desinformação, tende a ser um prato cheio para oportunistas de plantão.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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