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Jamil Chade

Ação de Bolsonaro é questionável em relação à democracia, alerta alemã

Bundestag, o Parlamento alemão - Fabrizio Bensch/Reuters
Bundestag, o Parlamento alemão Imagem: Fabrizio Bensch/Reuters

Colunista do UOL

21/01/2020 12h40

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O uso de referências nazistas pelo ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim, repercutiu dentro do Parlamento alemão. Nesta terça-feira, o assunto foi alvo de uma declaração da deputada Yasmin Fahimi, líder do Partido Social Democrata (SPD) para temas de América Latina.

"Apesar de Jair Bolsonaro ter tomado distância dos indescritíveis pronunciamentos do seu antigo secretário da Cultura, Roberto Alvim, a ação do governo se mantém altamente questionável em relação aos objetivos liberais, democráticos e sociais de todos os brasileiros", alertou a parlamentar, que é integrante do Comitê de Relações Exteriores do Bundestag.

"Ativistas de direitos humanos, jornalistas e também criadores estão cada vez mais sujeitos a pressões ou são desacreditados como pretensos traidores de interesses nacionais", alertou.

"São já drásticos os cortes e reduções que se verificam no contexto da política social, agravando as desigualdades no país. Daí que, em geral, não se possa falar de afastamento do discurso populista de direita, no governo de Bolsonaro", completou.

A fala usada por Alvim, com ampla repercussão, foi alvo de uma resposta por parte do governo da Alemanha. Sua embaixada em Brasília alertou que Berlim se opõe a "qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar a era do nacional-socialismo".

Desde que assumiu, Bolsonaro acumulou polêmicas com os alemães. Tanto ele como o chanceler Ernesto Araújo declararam que o nazismo era um "movimento de esquerda". Deputados alemães, associações de vítimas do Holocausto e entidades repudiaram a fala.

Também coube ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, declarar que a aspirina teria sido inventada pelos nazistas. O produto, na realidade, foi criado em 1899.

O SPD governou a Alemanha sob a gestão de Gerhard Schroeder, Helmut Schidt e Willy Brandt. Também fez parte da coalizão que governa a Alemanha, num acordo com o partido de Angela Merkel, de centro-direita.

Qualquer tipo de iniciativa por parte do governo em matéria de relações exteriores também passa pelo SPD. Hoje, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha é Heiko Josef Maas, justamente do Partido Social-Democrata.