Coronavírus "está longe de acabar", afirma brasileira na cúpula da OMS
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O mundo ainda está longe do pico da pandemia de coronavírus, mas ações de contenção podem dar resultados. A análise é de Mariângela Simão, diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde e a única brasileira na cúpula da agência internacional na liderança do combate à covid-19.
Em entrevista exclusiva à coluna, ela indicou que a onda de contágios deve crescer, ainda que o número de casos estejam em queda na China. "Os surtos ainda estão começando em algumas regiões do mundo", disse.
"Não acabou e está longe de acabar", afirmou a brasileira, encarregada de temas de acesso a remédios em um plano global.
Simão, que ocupou cargos estratégicos no Brasil, acredita que o país "está preparado e tem estrutura". "A principal questão é a vigilância. Se você não tem isso, não tem nada."
Apesar de reconhecer que o vírus vai avançar, ela acredita que governos não podem abandonar a estratégia de contenção. Segundo a OMS, dezenas de países ainda não registraram casos e, em alguns, os números continuam relativamente baixos.
Na avaliação da brasileira, a China fez um trabalho "monumental", mas isso não dava o direito aos governos de pensar que o vírus não chegaria a outras regiões em um mundo de deslocamentos rápidos como é o de hoje.
A especialista diz que é "irreal" pensar que uma doença respiratória fosse ficar em um só país. Lamentando por chefes de Estado que minimizaram a crise, ela aponta como a pandemia também ensinou ao mundo que "ninguém é uma ilha" e que ninguém é "autossuficiente".
Desinformação aliada ao potencial do vírus alimenta o pânico
Para ela, a mistura da desinformação, do desconhecimento sobre o vírus e a letalidade que não é desprezível explicam o sentimento de pânico em parte da população. Mas ela afirma que grande parte dos casos se revelam leves e lembra que já viveu algo parecido no momento do H1N1.
"A diferença agora é que ninguém tem imunidade", afirmou.
A brasileira lembra que há anos a OMS vem insistindo sobre a necessidade de que governos estejam preparados.
"O mundo não está preparado. A pandemia mostra que isso não pode envolver apenas o Ministério da Saúde. Isso é uma questão de governo, de uma ação global", completou.
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