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Jamil Chade

Brasil ignora chamado ao diálogo e usa reunião na OMS para boicotar Maduro

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

09/05/2020 04h01

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O Itamaraty promoveu um boicote contra a Venezuela em plena reunião semanal da OMS (Organização Mundial da Saúde) com governos para lidar com a pandemia do coronavírus. Na agência, um dos apelos é para que governos e líderes políticos deixem disputas ideológicas de lado e se concentrem na luta contra o vírus.

Nesta quinta-feira, a organização convocou governos para que se reunissem com o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, e sua equipe. A meta era a de ouvir as últimas informações sobre a doença, as tendências da pandemia e dar espaço para que governos fizessem apresentações das situações em seus respectivos territórios.

O Brasil é considerado por institutos estrangeiros como um dos novos epicentros da doença. O país soma o terceiro maior número de casos nos últimos 14 dias no mundo, lidera no hemisfério sul e ainda começa a ter um dos números mais elevados de mortes a cada dia.

Durante o encontro virtual, o Brasil esteve presente. Mas a decisão do Itamaraty foi a de promover um boicote e abandonar o evento quando o governo de Nicolas Maduro tomou a palavra, se desconectando da reunião online enquanto Caracas falava.

Os atos de repúdio do governo brasileiro contra Maduro já se transformaram em uma cena constante em todas as reuniões internacionais. Sem reconhecer o governo do líder bolivariano, o Itamaraty instrui seus postos pelo mundo a deixar as salas quando a delegação de Caracas toma a palavra. Agora, o boicote ocorre também de forma virtual.

No Brasil, o governo também ordenou a expulsão dos diplomatas de Maduro de Brasília, mesmo em meio à pandemia, criando um embate jurídico.

Governo Maduro representa Venezuela na ONU, mas sob críticas

Nas entidades internacionais, é o governo de Maduro quem representa a Venezuela. Não se trata de uma decisão autônoma da ONU reconhecer ou não um governo. Mas depende de um consenso internacional.

No caso venezuelano, dezenas de governos continuam a apoiar Maduro ou reconhecer seu papel como representante do país. Tais apoios incluem os da China e Rússia, dois membros do Conselho de Segurança da ONU.

A mesma ONU, porém, tem denunciado graves violações de direitos humanos por parte de Maduro, inclusive com a organização de uma "máquina de repressão".