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OMS: transmissão preocupa no Brasil e sistema pode ser colocado sob pressão

29.abr.2020 - O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante coletiva de imprensa - Pavlo Gonchar/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
29.abr.2020 - O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante coletiva de imprensa Imagem: Pavlo Gonchar/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

Colunista do UOL

12/06/2020 13h29

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que os dados mostram que o sistema de saúde em termos de leitos no Brasil está, de uma forma geral, sendo capaz de lidar com a pandemia. Mas alerta que, se os números atuais de contaminação continuarem, a estrutura de saúde no país pode viver uma outra realidade e ser colocado sob forte pressão.

Michael Ryan, diretor de operações da entidade, foi questionado nesta sexta-feira sobre a atitude do presidente Jair Bolsonaro de sugerir que as pessoas entrem nos hospitais para filmar o que ocorre dentro das instalações.

O diretor da OMS deixou claro, porém, que existem locais sob forte pressão. De uma maneira geral, ele considera que o sistema ainda está respondendo, "ainda que os números continuem altos no Brasil e que o número de mortes continue alto".

"Ainda que alguns (locais) excedam 80% de ocupação de leitos de UTI, a maioria das áreas está abaixo disso", disse.

"Alguns (locais) estão em um estágio crítico, acima de 90%. Está claro que algumas áreas do Brasil têm uma pressão no sistema de UTI. O sistema, como tal, não está saturado. Mas, em algumas partes do Brasil, há pressão significativa nas unidades de cuidados intensivos, na ocupação", afirmou.

"Sim, a situação no Brasil é preocupante. Todas as 27 áreas estão afetadas. Há diferentes taxas de transmissão, hotspots em áreas de alta densidade populacional", explicou, alertando também para o caso do Amazonas.

"De uma forma geral, o sistema está lidando. Mas com a manutenção da transmissão de casos severos, veremos", disse. "O sistema de saúde no Brasil precisa de apoio significativo para que possa manter os esforços", defendeu.

"O sistema está sob pressão, mas ainda lidando", completou Ryan.

Ele ainda lembrou que o vírus está mais ativo nas Américas e alertou que as pessoas ficam "confusas" ao receber mensagens diferentes das diferentes autoridades. Para ele, o mundo precisa ter coerência ao passar mensagens sobre a pandemia.

Com mais de 7,5 milhões de casos de covid-19 no mundo, Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, alerta que a pandemia não está perdendo força e que o principal impacto neste momento está sendo sentido em países em desenvolvimento e nos mais pobres.

"Ainda que casos estejam em números baixos em alguns locais, continuamos vendo a pandemia que se escala no mundo", disse o chefe da agência. Segundo ele, o vírus se "acelera em países em desenvolvimento e países mais pobres", falou. Para Tedros, além dos problemas da doença, a superlotação dos serviços de saúde está aprofundando o risco para populações, como mulheres, crianças e adolescentes.

Com mais de 800 mil infectados, o Brasil é o país com o segundo maior número de casos de contaminação. Nos próximos dias, o país irá superar o Reino Unido em número de mortos e se consolidará como o segundo maior também nesse critério. Até ontem, os dados do Ministério da Saúde indicavam um total de 40.919 óbitos, número pouco inferior ao contabilizado pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte (41.058).

Foram 1.239 novas mortes registrados no dado oficial nas últimas 24 horas e 1.261 segundo a apuração junto às secretarias estaduais de Saúde. Passaram-se 52 dias desde a primeira morte para que o país chegasse ao marco de 10 mil óbitos (entre 18 de março e 9 de maio) e pouco mais de mês depois isso para o ultrapassar os 40 mil mortos em decorrência da covid-19.