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Jamil Chade

Depois de doar 2 milhões de doses ao Brasil, EUA suspendem cloroquina

Os problemas daquele grande estudo sobre riscos da cloroquina para tratar COVID-19 - Crédito: David J. Phillip/AP
Os problemas daquele grande estudo sobre riscos da cloroquina para tratar COVID-19 Imagem: Crédito: David J. Phillip/AP

Colunista do UOL

15/06/2020 14h17

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As autoridades americanas anunciaram nesta segunda-feira a decisão de revogar "a autorização de uso emergencial que permitia que o fosfato de cloroquina e o sulfato de hidroxicloroquina fossem utilizados para tratar certos pacientes hospitalizados com COVID-19" fora de testes clínicos. Agora, para que o remédio possa entrar no protocolo sanitário do país, os testes científicos completos terão de ser aguardados e o uso emergencial não será mais liberado.

Nesta semana, a OMS anunciou que também deverá tomar uma decisão sobre a manutenção ou não dos testes sobre o remédio. A agência mundial vem fazendo testes com o produto.

O remédio usado para o tratamento da malária é uma das esperanças no caso do coronavírus. Mas, segundo a OMS, até hoje não existem evidências científicas de que possa gerar benefícios.

2 milhões de doses ao Brasil

Nas últimas semanas, o governo brasileiro chegou a comemorar a decisão da Casa Branca de destinar ao Brasil duas milhões de doses do remédio, enquanto o assessor de Jair Bolsonaro, Arthur Weintraub, sugeriu que um tribunal de Nuremberg fosse estabelecido contra as pessoas que se recusaram a receitar o remédio.

Mas, nesta segunda-feira, o Food and Drug Administration (FDA), dos EUA, "determinou que os critérios legais para a emissão de uma autorização para uso emergencial não são mais atendidos". A FDA é uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.

Procurado pela coluna, o Itamaraty ainda não respondeu se a doação será mantida.

"Com base na sua análise contínua e dados científicos emergentes, o FDA determinou que a cloroquina e a hidroxicloroquina têm pouca probabilidade de serem eficazes no tratamento da COVID-19 para os usos autorizados nos EUA", afirmaram as autoridades americanas.

"Além disso, à luz de eventos cardíacos graves em andamento e outros potenciais efeitos colaterais graves, os benefícios conhecidos e potenciais da cloroquina e da hidroxicloroquina já não compensam os riscos conhecidos e potenciais para o uso autorizado", indicaram.

A autorização havia sido concedida para o uso emergencial do remédio em 28 de março de 2020 "com base na ciência e dados disponíveis na época". Naquele momento, a decisão estipulava que o produto fosse dado apenas com o acompanhamento médico e dentro de clínicas para os pacientes mais graves.

Orientados pela Ciência

"Deixamos claro em toda a emergência de saúde pública que nossas ações serão orientadas pela ciência e que nossas decisões podem evoluir à medida que aprendermos mais sobre o vírus SARS-CoV-2, revisarmos os dados mais recentes e considerarmos o equilíbrio entre riscos e benefícios dos tratamentos para a COVID-19", disse Anand Shah, Comissário Adjunto para Assuntos Médicos e Científicos da FDA.

"A FDA sempre sustenta suas decisões com as evidências mais confiáveis, de alta qualidade e atualizadas disponíveis. Continuaremos a examinar todas as autorizações de uso emergencial que a FDA emitiu e faremos mudanças, conforme apropriado, com base em evidências emergentes", afirmou.

"Enquanto estudos clínicos adicionais continuam a avaliar o benefício potencial desses medicamentos no tratamento ou prevenção da COVID-19, nós determinamos que a autorização de uso emergencial não era mais apropriada. Esta ação foi tomada após uma avaliação rigorosa por cientistas em nosso Centro de Avaliação e Pesquisa de Medicamentos", disse Patrizia Cavazzoni, diretora interina do Centro de Avaliação de Medicamentos do FDA.