França aponta impacto ambiental alto, o que pode ruir acordo Mercosul-UE
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Resumo da notícia
- Comissão criada por Emmanuel Macron conclui que acordo comercial teria custo ambiental maior que benefícios
- França havia prometido que apenas ratificaria acordo depois de avaliar impacto ao meio ambiente
- Área dedicada à produção, principalmente de gado, teria de ser aumentada, gerando emissões de CO2
O acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul representa uma ameaça ambiental. Essa é a conclusão de um estudo encomendado pelo governo francês e que, na prática, pode enterrar o projeto que levou 20 anos para ser negociado.
O resultado dos estudos será divulgado nesta sexta-feira, em Paris. O jornal Le Monde revela que as conclusões são "severas" e que o tratado é uma "oportunidade perdida" em matéria ambiental e de saúde.
A coluna confirmou com diplomatas franceses que, de fato, a constatação do estudo não é positiva e pode colocar em risco o processo de ratificação.
Emmanuel Macron, presidente francês, havia prometido que, antes de ratificar o acordo fechado com o Mercosul em meados de 2019, ele solicitaria uma avaliação de impacto ambiental, o que levou mais de seis meses para ser realizado.
De acordo com o estudo, o cenário mais provável é que o desmatamento ocorrerá a uma taxa anual de 5% durante os seis anos seguintes à implementação do acordo. Na prática, isso custaria 700.000 hectares.
Os prejuízos ambientais, portanto, seriam maiores que os benefícios econômicos. Já o custo climático representaria uma maior emissão de CO2.
A lógica do grupo de especialistas é de que, com maior exportação de carne do Mercosul para a Europa, novas áreas de pastagem teriam de ser criadas para aumentar a produção na região do Cone Sul.
Ratificação distante
O documento agora servirá de base para que o governo abra um debate sobre o acordo, inclusive com o Poder Legislativo.
Macron, pressionado por grupos ambientais e também pelo lobby protecionista, já tinha acenado para o fato de que não ratificaria o tratado diante da atual situação ambiental no Brasil. Na Alemanha, o governo de Angela Merkel também acenou na mesma direção.
Mas ambos os países também sofrem a pressão de sua indústria, inclusive do setor automotivo, que quer maior acesso ao mercado do Cone Sul e temem perder espaço para China e EUA.
Pelas regras do acordo, o tratado apenas entraria em vigor se todos os 27 países da UE ratifiquem o entendimento. Em parlamentos como o da Holanda e Áustria, resoluções já foram aprovadas para impedir o tratado, ainda que não tenham poder vinculante.
Dentro do Itamaraty, a pressão ambiental é interpretada como parte de um lobby protecionista do setor agrícola europeu que sofreria com a concorrência dos produtos do Mercosul.
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