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CoronaVac será submetida à OMS para ser liberada para uso global

Governo de São Paulo prevê início da vacinação contra a covid-19 no dia 25 deste mês -                                 NICOLAS ASFOURI/AFP
Governo de São Paulo prevê início da vacinação contra a covid-19 no dia 25 deste mês Imagem: NICOLAS ASFOURI/AFP

Colunista do UOL

09/01/2021 04h00

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Os chineses da Sinovac devem submeter o dossiê completo para a aprovação da CoronaVac, sua vacina contra a covid-19, à OMS (Organização Mundial da Saúde) na próxima semana, segundo apurou a coluna. A iniciativa deve colocar pressão sobre a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que também já recebeu o dossiê sobre o imunizante.

Até agora, a OMS aprovou apenas o uso emergencial da vacina da Pfizer/BioNTech. Mas a expectativa é de que, ao longo dos próximos meses, um total de treze imunizantes sejam considerados aptos pela agência.

A rigor, uma chancela da agência internacional não significa qualquer tipo de obrigação legal para a Anvisa, mas negociadores consultados pelo UOL confirmaram que a submissão dos documentos à OMS criará uma pressão extra sobre as demais agências reguladoras no mundo.

Na prática, uma autorização da OMS para o uso da CoronaVac significa que alianças de vacinas como a Covax ou qualquer outro mecanismo de apoio aos países mais pobres poderiam comprar e distribuir o imunizante chinês. A chancela, portanto, é considerada como um reconhecimento internacional importante para o abastecimento mundial de vacinas.

Documentos obtidos pela reportagem revelam que a previsão inicial da OMS era de que uma chancela oficial para a vacina fosse concedida em março. A diretoria envolvida no processo acredita que, se o dossiê desembarcar com dados claros e com informações completas, o processo de aprovação pode ser acelerado.

Ainda para fevereiro, a agência espera anunciar a aprovação da vacina da AstraZeneca e da Universidade de Oxford. Em Genebra (Suíça), técnicos envolvidos no processamento dos documentos e provas científicas insistem que não há qualquer diferença de critérios para avaliação dos produtos e que todos têm sido alvo das mesmas exigências científicas.

Além de ingleses e chineses, o processo também está encaminhado para avaliação da vacina da J&J, Gamaleya (Rússia), Moderna e Serum Institute of India.

Nesta semana, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, criticou as empresas pela demora em submeter suas documentações para a aprovação da agência, alertando que isso estava atrasando a possibilidade de que a vacina chegue também para os países mais pobres do mundo. Hoje, 50% dos países ricos já iniciaram campanhas de imunização. Todos os 92 países mais pobres ainda aguardam para saber quando poderiam sonhar com a possibilidade de uma vacina.

Antes do Brasil, a vacina chinesa deve começar a ser usada na Indonésia, que comprou inicialmente 3 milhões de doses. Um carregamento já desembarcou em Jacarta e foi transferido para todas as 34 províncias do maior país do Sudeste Asiático.

O plano é de que as doses comecem a ser administradas na próxima semana, com o próprio presidente Joko Widodo recebendo a primeira dose. Sendo o maior país muçulmano do mundo, a Indonésia ainda garante que a vacina não viola os princípios da religião.