Na OMS, Itamaraty omite vacinação em SP e cita governo "engajado" em Manaus
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O governo brasileiro omitiu em uma reunião da Organização Mundial da Saúde (OMS) que a vacinação contra a covid-19 começou no domingo no país e "sequestrou" o anúncio da campanha de imunização.
Maria Nazareth Farani Azevedo, embaixadora do Brasil na OMS, explicou que, no domingo, a Anvisa aprovou o uso de duas vacinas no país. A representante omitiu, contudo, que, minutos depois, as primeiras doses começaram a ser aplicadas em São Paulo. Seu discurso foi feito na abertura da reunião do Comitê Executivo da agência internacional, reunida a partir desta segunda-feira em Genebra (Suíça).
No fim de semana, o estado de São Paulo iniciou a vacinação, usando o imunizante fabricado a partir de uma parceria com a China. O fato foi noticiado em todos os principais jornais do mundo. O Itamaraty tampouco citou que a enfermeira Monica Calazans foi a primeira a ser imunizada.
A CoronaVac havia sido duramente criticada pelo governo de Jair Bolsonaro. Mas, diante da incapacidade de ter acesso ao produto da AstraZeneca, o Ministério da Saúde ordenou que uma parcela do imunizante chinês fosse entregue ao governo federal.
"Ontem, a Anvisa concedeu aprovação emergencial para o uso de duas vacinas contra a covid-19", disse a embaixadora. "Hoje, o governo federal iniciou a distribuição de 6 milhões de doses da vacina para todos os estados", declarou a diplomata, sem citar nem as doses aplicadas domingo, ou a origem da vacina e nem a parceria entre o estado de São Paulo.
Manaus sendo resolvido
Além de omitir a vacinação no domingo, a embaixadora ainda sinalizou que a crise em Manaus estava sendo resolvida, em termos de abastecimento de oxigênio. "Sistemas de saúde estão sob pressão em muitos países. No Brasil, Manaus enfrenta um forte e repentino ressurgimento (de casos)", disse, diante dos demais países.
Na semana passada, a OMS havia soado o alerta em relação à crise em Manaus e apontado como a cidade era um exemplo ao mundo de que não há como baixar a guarda. Para o Itamaraty, porém, a crise está tendo uma resposta.
"O governo federal está ativamente engajado. Recursos federais transferidos ao estado chegam a US$ 3,5 bilhões em 2020. O ministro da Saúde esteve na cidade na semana passada, uma força-tarefa nacional está trabalhando para ajudar a restabelecer a capacidade do sistema de saúde local", descreveu a embaixadora.
"Com o apoio das Forças Aéreas e em parceira com com o estado, outras entidades públicas e o setor privado, a falta de abastecimento de oxigênio tem sido substancialmente reduzida", garantiu a diplomata.
Brasil afirma ter comprometido US$ 120 bi contra a pandemia
Criticada no passado por não se referir aos mortos, a delegação brasileira desta vez disse que o governo demonstra "solidariedade" com aqueles que perderam amigos e familiares, mas insistiu na necessidade de proteger vidas e também a renda.
O Itamaraty ainda apresentou uma lista de iniciativas que adotou para dar uma resposta à crise, com uma mobilização de quase US$ 120 bilhões, cerca de 10% do PIB nacional. Isso inclui US$ 20 bilhões para fortalecer o SUS, a distribuição de recursos aos estados.
A embaixadora ainda insistiu que, de acordo com o Supremo Tribunal Federal, a resposta à pandemia é de responsabilidade dos estados.
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