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Jamil Chade

Com Mourão no lugar de Bolsonaro, Davos reúne líderes para pensar futuro

Presidente Jair Bolsonaro esteve na edição de 2019 do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Passagem foi marcada por discurso curto - Alan Santos/PR
Presidente Jair Bolsonaro esteve na edição de 2019 do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Passagem foi marcada por discurso curto Imagem: Alan Santos/PR

Colunista do UOL

18/01/2021 11h35

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Resumo da notícia

  • De acordo com organizadores, decisão de enviar vice-presidente foi do governo brasileiro
  • General Hamilton Mourão participará de debate sobre o futuro da Amazônia
  • Reunião virtual contará com John Kerry, representante dos EUA para temas climáticos

O Fórum Econômico Mundial organiza uma reunião virtual na próxima semana com os principais líderes internacionais, na esperança de começar a reconstruir a confiança e buscar um novo modelo de recuperação da economia mundial. Na lista dos líderes que confirmaram a presença, o presidente Jair Bolsonaro não faz parte.

Já o vice-presidente Hamilton Mourão participará de discussão sobre a proteção da Amazônia, ao lado de países como Colômbia, Costa Rica e outros representantes da região amazônica.

O evento também contará com a participação de John Kerry, o embaixador do governo de Joe Biden para temas climáticos e um sinal de uma mudança profunda na agenda dos Estados Unidos em temas ambientais. Ele deve usar o evento para anunciar a ambição de Biden na agenda climática e deixar claro que colocará pressão internacional nesse sentido. De acordo com os organizadores, o argentino Alberto Fernandéz irá apresentar os planos para seu país.

"O Brasil decidiu mandar Mourão", disse Brende Borge, CEO do evento. "Vamos falar sobre o futuro da Amazônia", explicou. Segundo ele, o Brasil também estará presente com o ministro da Economia, Paulo Guedes. "Temos de prestar mais atenção na proteção do planeta", defendeu Klaus Schwab, fundador do Fórum.

Para Borge, outro tema que promete aparecer é o do aumento da pobreza extrema no mundo, pela primeira vez em 20 anos. Em sua avaliação, essa situação deve ser uma prioridade na América Latina. "A região foi duramente afetada pela pandemia. Essa já era a região mais desigual do mundo e pode ficar mais desigual. Uma recuperação, portanto, precisa chegar aos mais necessitados", completou.

Para os organizadores, a esperança é de que as reuniões sirvam como base para encontros que, depois ocorrerão no âmbito do G7, G20 e outras cúpulas.

Em 2019, Bolsonaro chamou a atenção do evento em Davos ao fazer um discurso de apenas seis minutos, apesar de ter obtido uma sessão completa no principal palco do evento para si.

Davos foi obrigado a mudar radicalmente seu calendário em 2021 por conta da covid-19. O tradicional evento anual na estação de esqui na Suíça foi cancelado e, em seu lugar, haverá o encontro virtual na próxima semana.

Já em maio, em Cingapura, o Fórum organizará sua primeira reunião presencial.

Borge, CEO do evento e ex-ministro das Relações Exteriores da Noruega, insiste que a meta é mesmo a de buscar um fortalecimento do multilateralismo diante de um mundo polarizado.

A reunião da próxima semana será aberta pelo secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Antonio Guterres, uma das vozes que vêm alertando para a falta de cooperação existente hoje no mundo. Tedros Gebreyesus, diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), também será um dos participantes.

A agenda será fortemente marcada pela presença asiática. Em 2021, pela primeira vez, a Ásia supera o Ocidente e irá assumir 50% do PIB mundial. Não por acaso, a lista de participantes inclui o presidente da China, Xi Jinping, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, além dos líderes do Japão e da Coreia do Sul.

A Europa será representada pela chanceler Angela Merkel, da Alemanha, o francês Emmanuel Macron, o italiano Giuseppe Conte, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e Pedro Sanchez, da Espanha. Entre os africanos estão confirmados os presidentes da África do Sul, Gana e Ruanda.