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Jamil Chade

REPORTAGEM

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OMS: contaminações da covid-19 caíram em países que adotaram quarentenas

 Mike Ryan e Tedros Adhanom Ghebreyesus, membros da direção da OMS - Reuters
Mike Ryan e Tedros Adhanom Ghebreyesus, membros da direção da OMS Imagem: Reuters

Colunista do UOL

12/03/2021 11h59

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) volta a declarar que medidas sociais - entre elas o lockdown, distanciamento, toque de recolher, impedir aglomerações, quarentenas e promover o isolamento - funcionam e países que adotaram tais ações viram uma queda real na curva de contaminações.

A afirmação ocorre um dia depois que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou as medidas de confinamento, alertando que os danos dessas políticas são superiores ao impacto do vírus.

"Temos um ano de lockdowns e o vírus continua aí", afirmou o presidente, em sua live na quinta-feira. "Ninguém quer morte, lamentamos toda e qualquer morte, agora saúde e economia andam juntos. Não pode criar massa de desempregados enorme no Brasil porque daí não vamos ter recursos para fazer nada, nem para comprar vacina", disse. "A pessoa com fome perde a razão, topa tudo", alertou.

Bolsonaro também criticou o toque de recolher estabelecido no Distrito Federal, o comparando a um "estado de sítio".

Na OMS, a percepção é outra. "O distanciamento, não ter aglomerações, eventos de massa e fazer genuinamente uma quarentena são medidas que funcionam", disse Margaret Harris, porta-voz da agência. "Os países que seguiram isso viram a curva de contaminação cair", insistiu.

Harris admite, porém, que o desafio é social e econômico. Mas insiste que, por isso mesmo, elas precisam ser adotadas de forma correta. "O problema é que (essas medidas) congelam a economia e não é algo que você queira fazer no longo prazo. Mas quarentenas funcionam, o isolamento funciona. Mas em alguns locais não foram aplicadas de forma correta", disse.

Para a OMS, um governo não pode apostar apenas na vacina para conter o vírus. "As vacinas não vão substituir as demais medidas", disse.

"Estamos todos conectados"

Ela ainda apontou que controlar a pandemia da covid-19 vai exigir que todas as regiões consigam lidar com a crise sanitária. Caso contrário, as ameaças continuarão para todos.

"Estamos todos conectados. Até que todos estejamos protegidos, não estaremos seguros", afirmou Margaret Harris, ao ser questionada nesta sexta-feira sobre o risco que o Brasil coloca ao mundo. "Todos terão que fazer sua parte para parar o vírus", disse a representante da agência, nesta sexta-feira em Genebra.