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ONU: Brasil caminha para "catástrofe" e precisa restringir movimentação
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Resumo da notícia
- Para a entidade, o país ainda não tem um plano de resposta à covid-19 e nem uma vacinação centralizada
- Alerta ocorre no mesmo dia em que OMS usou o termo "inferno" para descrever o surto no país
Numa nota emitida nesta sexta-feira, o escritório da ONU no Brasil alerta que o país vive um momento crítico por conta da pandemia da covid-19, pede restrições de circulação de pessoas e aponta que, diante da ausência de um plano, o Brasil caminha em direção a uma "catástrofe".
"As Nações Unidas instam os governos a adotar estratégias de restrição da circulação de pessoas e a prover o apoio necessário à população para que essas medidas possam de fato ser cumpridas", defende a entidade.
Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não aceitaria uma política de lockdown e voltou a promover tratamentos e medidas sem base científica.
"O Sistema ONU acompanha com preocupação o recrudescimento da pandemia de COVID-19 no Brasil e ressalta a necessidade de adoção de medidas preventivas para diminuir a curva de transmissão do coronavírus e garantir o direito humano à saúde", diz a ONU.
O alerta ocorre no mesmo dia em que a OMS usou a palavra "inferno" para descrever a situação brasileira. A agência de saúde também alertou que não existem vacinas para a demanda extra feita pelo governo brasileiro e insistiu que, hoje, o país representa um terço das mortes diárias no planeta pela covid-19.
"O aumento persistente no número de casos e de óbitos deve servir de alerta para todos - governos, população, sociedade civil, academia, setor privado, instituições religiosas, entre outros - quanto à urgência de interromper a escalada da doença no país, sobretudo para evitar o surgimento de novas variantes do vírus", diz o comunicado das Nações Unidas.
"A intensificação da curva de óbitos, a falta de medidas restritivas efetivas e a falta de uma estratégia nacional centralizada de vacinação estão levando o país a uma catástrofe", afirma Marlova Jovchelovitch Noleto, Coordenadora Residente interina da ONU no Brasil.
Na avaliação da coordenadora, "milhares de vidas" estão sendo perdidas "por falta de ações assertivas para conter a pandemia no Brasil".
Um dos recados da ONU é de que a vacina não pode ser o único instrumento de combate à doença. "Precisamos lembrar que as vacinas são essenciais, mas elas não resolverão o problema imediato do país, que apresenta atualmente o maior número de óbitos diários por COVID-19 do mundo", diz.
"Até que todas e todos estejam vacinados e protegidos contra a doença, todas as medidas de redução do contágio devem ser respeitadas. Reduzir a disseminação do vírus, garantir apoio econômico à população e agilizar a vacinação devem ser as prioridades do país", afirmou a coordenadora.
Para a ONU, o país "precisa urgentemente de um plano nacional de resposta à crise".
"Os sistemas público e privado de saúde estão sobrecarregados e há registros de filas por leitos hospitalares. Precisamos proteger as trabalhadoras e os trabalhadores de saúde, que estão na linha de frente diariamente, arriscando as próprias vidas para salvar as nossas. O início da vacinação traz esperança, no entanto, num contexto de escassez de vacinas em nível global e nacional, é imprescindível seguir as recomendações de cientistas e profissionais de saúde para conter a transmissão da COVID-19", defende.
Entre as medidas sugeridas está o uso da máscara, higienizar frequentemente as mãos, manter a distância mínima de 2 metros de outras pessoas e privilegiar espaços abertos quando for preciso sair de casa são ações que podem salvar vidas.
"Ninguém está imune à doença, nem mesmo crianças e jovens, portanto é responsabilidade de todas e todos proteger a si e aos outros. Quem puder deve ficar em casa, já que é o lugar mais seguro para evitar o contágio da doença. Não é hora de festas nem de aglomerações", alertou.
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