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Mantendo salário, Ernesto ganha "licença-prêmio" de 90 dias
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O ex-chanceler Ernesto Araújo ganhou uma "licença-prêmio por assiduidade" e só volta a trabalhar em agosto. Enquanto isso, continuará a receber seu salário. A informação foi publicada nesta segunda-feira e vale a partir de 2 de junho, de acordo com portaria do Ministério das Relações Exteriores.
Araújo, depois de uma gestão polêmica no comando do Itamaraty, foi substituído por Carlos França. Mas continuou mantendo uma relação próxima à base do bolsonarismo, que chegou a falar em lançar o diplomata na carreira política.
Ao ser obrigado a renunciar, Araújo recebeu um cargo administrativo. Mas sua presença no Itamaraty, em Brasília, era alvo de desconforto. Com a licença, ele só retornaria ao trabalho em 90 dias.
O governo avaliava ainda dar o cargo de embaixador do Brasil perante a OCDE, em Paris, para o ex-chanceler. O escritório do país na entidade é um dos poucos postos pelo mundo que não exige que a pessoa indicada seja sabatinada pelo Senado.
No mês passado, o então ministro foi alvo de uma verdadeira humilhação ao ser criticado e pressionado pelos senadores, durante uma audiência. Dias depois e desgastado, ele teve de pedir demissão e o governo trouxe para seu cargo o embaixador Carlos França.
Mas com a crise entre o diplomata e os senadores, a ideia de dar uma embaixada no exterior para o ex-ministro passou a ser remota. Uma volta de Araújo ao Senado poderia significar uma nova humilhação e um eventual veto.
Dentro do Itamaraty, uma opção "doméstica" que circulava era a missão na OCDE. Como o Brasil ainda não faz parte da instituição, o posto em Paris não exige sabatina. Foi o próprio Araújo quem, em 2019, criou o cargo.
Uma de suas principais bandeiras foi a aproximação com os EUA para, justamente, garantir o acesso do Brasil à OCDE. Mas a aposta não se transformou em realidade e, com a chegada de Joe Biden, os planos estão ainda passando por considerações.
Mas, com parceiros europeus, a gestão de Araújo criou hesitação, principalmente em temas como seu posicionamento de recusa ao multilateralismo, em relação ao desmatamento, direitos humanos, movimento LGBT e até sobre seu silêncio sobre os crimes na ditadura (1964-1985).
Dentro do Itamaraty, embaixadores ironizam a eventual ida de Araújo para a OCDE. "Agora é que nunca mais seremos aceitos", diz um experiente negociador brasileiro.
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