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OMS: 3ª dose é "tecnicamente e moralmente errada"
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A OMS criticou a decisão de governos de iniciar uma campanha de vacinação com uma terceira dose do imunizante contra a covid-19, alertando que a iniciativa vai deixar os países pobres com uma escassez ainda mais aguda de doses e que não existem dados ainda sobre segurança e eficácia.
Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, insistiu nesta quarta-feira em coletiva de imprensa em Genebra que a recusa da agência em propor uma terceira dose está baseada na ciência. Mas aponta que o argumento é também moral. "A prioridade deve ser salvar vidas. Não deveríamos ter 10 mil pessoas morrendo por dia", disse.
"Em termos de saúde, há um consenso de que os dados não são conclusivos (sobre a eficácia de uma terceira dose)", insistiu.
Ela admite que os mais velhos deverão necessitar de alguma proteção em algum ponto no futuro. "Mas não estamos no momento de recomendar doses extras", disse. "Não temos um abastecimento sem limites. Portanto, as vacinas precisam ir para médicos e idosos, que estão perdendo suas vidas", defendeu.
Um dos aspectos alertados pela OMS é a questão de segurança da vacina extra. "O que ocorre com uma terceira dose?", questionou Soumya. "Existem ainda perguntas que precisam ser respondidas", disse.
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, também insistiu que não existem dados conclusivos nem sobre a segurança da 3ª dose e nem sobre os benefícios. Ele alertou que tal iniciativa seria um "problema moral", já que deixaria milhões de pessoas pelo mundo sem doses. "É tecnicamente e moralmente errado", disse.
Tedros admite o mundo não irá sair da crise sanitária rapidamente e que uma ação precisa ocorrer para proteger quem ainda não tomou nenhuma vacina. "É como dar mais um salva-vidas para quem já tem um salva-vidas, enquanto deixamos aqueles que não tem proteção sem proteção", alertou.
Enquanto grande parte da população não for vacinada, ele ainda aponta para o risco do surgimento de novas variantes. "Estamos dando oportunidade para que o vírus circule e isso é bom para o vírus", disse. Segundo ele, uma nova variante pode ser mais poderosa que a mutação delta e até evadir as vacinas atuais.
No total, a agência estima que países ricos e emergentes vão consumir mais 1 bilhão de doses para garantir essa vacina extra.
A OMS havia solicitado que governos evitassem iniciar a vacinação com a terceira a dose, pelo menos até setembro, para que os países pobres pudessem avançar na proteção da população mais vulnerável. Hoje, os países africanos contam com apenas 2% de seus habitantes imunizados. Mas França, Alemanha, EUA, Israel e outros ignoraram o apelo da OMS. No Brasil, tanto o governo federal como o estado de São Paulo apontaram na mesma direção.
A OMS espera que, até o final de setembro, a meta de vacinar 10% de cada um dos país seja atingido. Para dezembro, a meta é a de chegar a 40% de proteção. Depois, portanto, a OMS reconhece que poderia ser considerada ideias de doses extras.
Kate O'Brian, representante técnica da OMS, insiste que a prioridade ainda deve ser evitar as variantes. "Elas são geradas em pessoas sem vacinas", disse. Segundo ela, as vacinas estão "resistindo" e mantendo sua proteção. "Com um abastecimento limitado, a questão é o que fazer com as vacinas", disse.
Números em queda no Brasil e casos estabilizados no mundo
Nos últimos dados divulgados pela OMS, o Brasil aparece em queda no número de novos casos por semana e na taxa de mortes. Ainda assim, o país é um dos cinco maiores do mundo em termos de contaminações e um dos maiores em óbitos.
O maior número de novos casos foi registrado uma vez mais nos EUA, com um aumento de 15% em comparação à semana anterior e 1 milhão de registros. O segundo lugar é hoje ocupado pelo Irã, com 251 mil casos, seguido pela Índia, com 231 mil, e 219 mil para o Reino Unido. O Brasil apenas vem na quinta posição, com 209 mil casos em uma semana, uma queda de 1%.
Em termos de mortes, o Brasil continua tendo a segunda maior taxa das Américas, com 5,6 mil casos por semana, uma queda de 7% em comparação aos números da semana anterior. Pela primeira vez em meses, a situação americana voltou a superar a crise sanitária brasileira, com 6,7 mil óbitos e um aumento de 58% em comparação às taxas dos sete dias anteriores.
No mundo, a OMS aponta que a pandemia atingiu uma estabilização, mas em uma taxa extremamente elevada. Foram mais de 4,5 milhões de novos casos em uma semana e 68 mil mortos.
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