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Atos de Bolsonaro tornam "impossível" acordo com UE, diz líder parlamentar
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Resumo da notícia
- Tratado comercial entre Mercosul e UE precisa ser ratificado por parlamentos, mas resistência é elevada
- Ataques contra democracia foram considerados como "inaceitáveis" e afastam ainda mais país de acordo com europeus
O comportamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta semana afastou ainda mais as possibilidades de que o acordo comercial entre a UE e o Mercosul seja ratificado. Membros da UE e do Parlamento Europeu, além de representantes de governos nacionais, alertam que, diante dos riscos que o presidente brasileiro representa para a democracia, não existem condições de pensar num tratado com o Brasil.
Negociado ao longo de 20 anos, o acordo entre os dois blocos foi assinado em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro. Mas, para entrar em vigor e cortar tarifas para bens, o entendimento precisa ser ratificado por todos os parlamentos dos países envolvidos e pelo Parlamento Europeu.
Lideranças, porém, alertam que essa ratificação ficou ainda mais distante.
"Estou extremamente preocupado com o estado da democracia no Brasil", disse a deputada europeia, Anna Cavazzini, presidente do Comitê de Mercado Interno do Parlamento e vice-presidente da delegação para relações com o Brasil.
"Há meses, Bolsonaro vem continuamente fazendo ataques ao Judiciário. Desta vez, suas ameaças chegaram a um grau inaceitável", alertou. "A comunidade internacional está acompanhando de perto os acontecimentos com grande preocupação de que ele transformará suas palavras em ações. Sob estas condições, é impossível para a UE avançar com o acordo comercial UE-Mercosul", disse.
Em uma declaração, ela pediu que Bolsonaro "se retrate de suas declarações e se comprometa a respeitar a democracia e o estado de direito".
Ela, porém, não é a única. Grupos de parlamentares têm procurado a Comissão Europeia para alertar que, no atual contexto, não haveria qualquer chance de um acordo ser aprovado por votação.
No primeiro semestre, reuniões promovidas pelo Parlamento revelaram a resistência que existe contra o projeto.
Já os defensores do acordo lamentam a suspensão das tratativas e destacam como Bolsonaro passou a ser uma "desculpa perfeita" para as alas mais protecionistas da UE e que nunca quiseram um acordo.
Há poucos dias, o presidente da França, Emmanuel Macron, ainda evocou a situação da política ambiental de Bolsonaro para justificar seu veto ao acordo. O francês concorre às eleições presidenciais em 2022 e precisa do voto dos ecologistas, ruralistas e alas mais conservadoras na França. Acenar com um tratado neste momento com o Brasil seria, na avaliação de observadores em Paris, um tiro no pé de sua própria campanha.
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