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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Preços de alimentos no mundo registram maior alta em uma década

Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 23/06/2021;Detalhe de alimentos na casa de Rosani Duarte da Silva no Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias. Com o aumento da desigualdade social no pais, familias entram no mapa da fome e dependem de doação para se alimentar. - Ricardo Borges/UO
Rio de Janeiro, Rj, BRASIL. 23/06/2021;Detalhe de alimentos na casa de Rosani Duarte da Silva no Complexo da Mangueirinha, em Duque de Caxias. Com o aumento da desigualdade social no pais, familias entram no mapa da fome e dependem de doação para se alimentar. Imagem: Ricardo Borges/UO

Colunista do UOL

07/01/2022 09h11

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Dados publicados pela FAO revelam que o mundo registrou, em 2021, a maior alta nos preços de alimentos em uma década. Para a entidade, o impacto social pode ser profundo, principalmente se essa tendência for mantida em 2022. Desde o início da pandemia, a fome voltou a desafiar governos em diversas partes do mundo, com mais de 150 milhões de novos famintos incluídos numa parcela da sociedade que já vivia sob a incerteza de como se alimentar.

Abdolreza Abbassian, economista da FAO, classificou os números como "preocupantes", ainda que o mês de dezembro tenha registrado uma leve queda no ritmo de expansão dos preços. Mesmo com os dados do último mês do ano, a constatação da agência é de o mundo registrou uma alta de 28% nos preços de alimentos em 2021, em comparação aos números de 2020. Isso, segundo o especialista, significa que o índice está em seu maior patamar em dez anos.

Alguns itens, como óleos vegetais e de soja, tiveram uma expansão em seus índices de valor de 66%, atingindo um nível recorde. Apesar da queda geral em dezembro, a FAO destaca que o preço mundial da soja continuou elevado, pressionado pela forte demanda de importação da Índia e estoques limitados.

No que se refere aos cereais, o aumento no ano foi de 27%, colocando o setor em seu maior patamar em nove anos.

"Os preços de exportação do trigo caíram em dezembro, em meio à melhoria da oferta após as colheitas no hemisfério sul e ao retardamento da demanda. No entanto, os preços do milho foram mais firmes, sustentados por uma forte demanda e preocupações com a persistência da seca no Brasil", alertou a FAO.

De acordo com a entidade, em 2021, os preços do milho e do trigo estiveram 44,1% e 31,3% mais altos do que suas respectivas médias de 2020, principalmente com forte demanda e oferta mais restrita, especialmente entre os principais exportadores de trigo.

Arroz salva milhões de pessoas

A situação só não foi pior para milhões de pessoas pelo mundo graças ao comportamento dos preços de arroz, uma commodity considerada como central na alimentação de continentes inteiros.

"O arroz foi o único cereal importante a registrar um declínio nos preços em 2021, com as cotações caindo em média 4,0% abaixo dos níveis de 2020", disse a FAO.

"A fraqueza refletiu as amplas disponibilidades exportáveis de arroz, o que aumentou a concorrência entre os fornecedores e os levou a procurar combater o impacto dos altos custos de frete e da escassez de contêineres sobre a demanda, baixando os preços", explicou.

A tendência, porém, não foi seguida no setor de lácteos, que registrou um aumento de 17,4% de seu valor em comparação a 2020.

"Em dezembro, as cotações internacionais de manteiga e leite em pó continuaram a aumentar, sustentadas por uma alta demanda global de importação, juntamente com uma oferta apertada de exportação, resultante da menor produção de leite na Europa Ocidental e Oceania", disse.

Já a carne viu um aumento de preços de 12,7% no ano. "Nas diferentes categorias, a carne ovina registrou o maior aumento de preços, seguida pela carne bovina e de aves, enquanto os preços da carne suína caíram marginalmente", explicou a FAO.

Enquanto isso, o Índice de Preços do Açúcar da FAO viu um aumento de 37,5% no ano e atingiu o mais alto patamar desde 2016. "Ao longo do ano, as preocupações com a redução da produção no Brasil em meio à forte demanda global por açúcar sustentaram o aumento dos preços", disse a agência.

Ainda assim, houve uma queda de 3% em dezembro, que refletiu as preocupações sobre o impacto da variante ômicron na demanda mundial de açúcar após a retomada das medidas de contenção em muitas regiões.

"O enfraquecimento do real brasileiro em relação ao dólar americano e os preços mais baixos do etanol também contribuíram para a queda dos preços mundiais do açúcar em dezembro", completou.