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Jamil Chade

REPORTAGEM

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ONU: 12 milhões de ucranianos precisam de ajuda e 677 mil já deixaram país

Colunista do UOL

01/03/2022 07h34

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Em apenas seis dias, 677 mil ucranianos deixaram o país por conta dos confrontos militares, abrindo o que a ONU (Organização das Nações Unidas) já prevê ser a maior crise de refugiados neste século na Europa. Algumas das projeções apontam que, se o ritmo do êxodo continuar, mais de 4 milhões de pessoas buscarão refúgio nos países vizinhos às fronteiras da Ucrânia.

Além dos refugiados, a agência confirma que mais de 1 milhão de pessoas foram deslocados internamente no território da Ucrânia, país com 44 milhões de habitantes.

No total, a ONU estima que 12 milhões de pessoas dentro da Ucrânia precisarão de ajuda humanitária. Para atender à primeira fase da crise, a entidade fez um apelo para que a comunidade internacional destine US$ 1,7 bilhão para garantir o atendimento emergencial.

O chefe humanitário da ONU, Martin Griffiths, alertou que "famílias com crianças pequenas são afundadas em porões e estações de metrô ou correm pelas suas vidas ao som aterrador de explosões e sirenes de lamentação".

"O número de vítimas está aumentando rapidamente. Esta é a hora mais escura para o povo da Ucrânia. Precisamos aumentar nossa resposta agora para proteger a vida e a dignidade dos ucranianos comuns. Devemos responder com compaixão e solidariedade", disse.

Em uma coletiva de imprensa da ONU em Genebra nesta terça-feira, os novos números foram apresentados, inclusive com a possibilidade de que governos como Polônia, Hungria e outros tenham de ser socorridos por recursos internacionais.

300 mil desses refugiados estariam na Polônia, contra 90 mil na Hungria. Em alguns pontos da fronteira, ucranianos estão levando até 60 horas para poder cruzar para os países da UE.

Racismo na fronteira

A ONU também admite que vem recebendo alertas sobre casos de discriminação contra africanos e pessoas de outras nacionalidades que estejam tentando sair da Ucrânia. De acordo com a entidade, as evidências estão ainda sendo coletadas e pede para que nenhuma discriminação ocorra na fuga de pessoas da guerra.

A cúpula da agência, porém, não acredita que esses casos reflitam uma política deliberada dos governos da região de fechar as portas para aqueles que não tenham nacionalidade ucraniana. Ainda assim, a ONU garante que vai monitorar a situação.

Vítimas e repressão na Rússia

De acordo com as Nações Unidas, entre a manhã de 24 de fevereiro e a meia-noite de ontem, foram registradas 536 vítimas civis na Ucrânia, incluindo 136 civis mortos, dos quais 13 eram crianças.

"A maioria dessas baixas foi causada pelo uso de armas explosivas com uma ampla área de impacto, incluindo bombardeios de artilharia pesada e sistemas de foguete de lançamento múltiplo, e ataques aéreos. Estas são apenas as baixas que pudemos verificar, e é provável que o custo real seja muito maior", alertou a ONU.

Para a entidade, o uso de armas explosivas com efeitos amplos deve ser evitado em áreas densamente povoadas, devido aos riscos muito altos de impacto indiscriminado e desproporcional sobre a população civil.

Mas a ONU também denuncia o fato de que manifestantes pacíficos que protestam contra a guerra na Rússia continuam sendo presos arbitrariamente. Cerca de 6.400 pessoas foram detidas desde quinta-feira da semana passada.

"Entendemos que a grande maioria é libertada em poucas horas, muitas depois de pagar uma multa administrativa, enquanto algumas são condenadas a penas de prisão que variam de sete a 25 dias sob várias leis. Há também relatos de uso desnecessário e excessivo da força pela polícia durante e após as prisões", denuncia a ONU.